Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Sexta, 26 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva/O Jornal de Santa Fé do Sul - 28 de setembro de 2004 - 07:15

CRASE
A dúvida:
Primeiro irei à festa e depois a Aporé ou Primeiro irei a festa e depois a Aporé?
ou ainda,
Primeiro irei à festa e depois à Aporé; ou, finalmente, Primeiro irei a festa e depois à Aporé.
O problema é a crase, aquele acento grave que se coloca sobre um a, quando sua pronúncia tem o valor de dois as.
CRASE é a fusão da preposição a com o artigo a. Assim, como regra geral, não existe crase diante de palavra masculina, até porque não se pode colocar o artigo feminino “a” antes de um nome masculino. A única exceção ocorre nos demonstrativos aquele, aquilo, aqueloutro: “Cheguei àquele ponto por necessidade”. “Não dei importância àquilo”. Os demais demonstrativos não têm crase.
Assim, para saber se existe ou não crase, substitua palavra antes da qual aparece a preposição a ou as por uma palavra masculina. Fui à festa – Fui ao baile. Apresentei-me às autoridades de plantão – Apresentei-me ao dono da academia – fui a uma escola modelo – Fui a um colégio modelo. Conforme as modificações trazidas pela nova lei... Conforme os novos modos de agir... Se na forma masculina aparecer ao ou aos, ou, ainda, para o ou para os o a antes da palavra feminina deve receber o acento grave.
Quando o nome referir-se a um lugar (cidade, estado, país) substituía a preposição a ou as por para. Se o que você quiser dizer significar para a (ou em a = na) use a crase: Voltei à Cassilândia de minha infância. Se significar somente para, não use crase: Voltei a Cassilândia (sem crase = Voltei para Cassilândia). Da mesma forma com em , com significação de na: À saída (na saída) ou À entrada (na entrada) recebemos flores. – Estava às portas da falência.
Em algumas locuções adverbiais também ocorre a crase, como às vezes, à noite, à frente, à maneira de, à moda de, às custas de, à bala, à máquina, à vista, à tinta, à mão, etc.
E, finalmente, antes dos relativos que, qual e quais, quando o a ou as puderem ser substituídos por ao qual me referi = Eis o trabalho ao qual me referi.
Não se esqueça, salvo as exceções acima, não se usa crase:
1º - antes de palavra masculina: Andar a pé, compras a prazo, passear a cavalo;
2º - antes do nome de cidades: Vim a Cassilândia – Fui a Paranaíba;
3º - entre substantivos repetidos: Gota a gota, frente a frente, cara a cara, de ponta em ponta;
4º - antes de formas de tratamento: Venho a Vossa Excelência solicitar... Rogo a Vossas Senhoria atenção a este pedido... Pediram a Sua Majestade..;
5º - antes de “distância”: quando esta for indeterminada: A polícia ficou a distância dos acontecimentos. Se se definir a distância, haverá crase: O obstáculo estava à de distância de dez metros;
6º - antes dos indefinidos “uma”, “alguma”, “qualquer”, “nenhuma”, “tanta”, “tal”, “certa” e “tamanha”: Resistiu a alguma pressão – Deu a tamanha mentira o seu devido valor.
E dando os trâmites por findos, como dizia Vinícius, a dúvida fica resolvida, porque não há crase antes dos nomes de cidades: Primeiro irei à festa e depois a Aporé (=para Aporé) – Primeiro irei à missa e depois a Campo Grande.

SIGA-NOS NO Google News