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Geral

Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

17 de outubro de 2008 - 08:05

Língua portuguesa, inculta e bela!
Alcides Silva

Acentuação e o ditongo – pós reforma

Tenho ouvido falar que a língua portuguesa é uma das mais difíceis do mundo e que por isso o brasileiro fala ou escreve mal. Entendo diferentemente. Ou ela é mal ensinada, o que é muito provável, ou mal aprendida. A língua materna nunca é intricada ou obscura.
Veja, por exemplo, o problema da acentuação gráfica das palavras, aqueles sinais –chamados de diacríticos - que são acrescidos a uma letra para conferir-lhe um novo valor fonético (alteração do som). No português, tais sinais são os acentos gráficos, a cedilha e o til. O trema foi agora abolido nas palavras escritas em português.
No passado – faz mais de cinqüenta anos -, num livrinho que tive a ousadia de publicar, escrevendo sobre acentuação gráfica das palavras de língua portuguesa, tentei descomplicar uma porção de regras então vigentes. De lá para cá, ocorreram algumas as mudanças, inclusive as do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que entrarão em vigor já agora em 1º de janeiro de 2009. Resumo nesta coluna, com minhas naturais limitações, aquele antigo trabalho, atualizado-o às novas normas.
As palavras, quanto à acentuação tônica (sílaba de som mais forte), estão classificadas em oxítonas (as que têm maior realce na última sílaba: jacá, café, javali, jacu, jornal, também, falar, fuzis, cutex, rapaz; paroxítonas (cuja tonicidade está na penúltima sílaba: macaca, grave, júri, açúcar, automóvel, lápis, abdômen, fênix, ônus, jovem) e proparoxítonas (possuidor da antepenúltima sílaba como tônica: abóbora, árvore, ácido, titânico, vírgula, óculos).
Os acentos diacríticos (sinais gráficos) usados em português são: o agudo (´) indica tonalidade aberta: papéis, avó; o grave (`) indica contração: àqueles, àquilo, às; circunflexo (^) indica tonalidade fechada: titânio, avô, farmacêutico. (Obs. As vogais i ou u não podem receber acento circunflexo); til (~), simplesmente um sinal de nasalização: mãe, pão, corações.
Princípios gerais que regem a acentuação:
I - as palavras terminadas em a (as), e (es), o (os) e em (ens) são paroxítonas;
II - as palavras com outras terminações i (is), u (us), l, n, r, s, x e z são oxítonas. QUANDO NÃO O FOREM, LEVARÃO ACENTO NA VOGAL CORRESPONDENTE. Exemplos: Palavras terminadas em a– amada - América – boêmia – jacá; em e– cipreste - árvore – até; em o– caderno- âmago – avô; em em- aragem- também; em ens- viagens- reféns - parabéns; em i – guarani – álibi; em u – tatu – jaú; em l – jornal – imóvel – amável; em r – escrever – açúcar – flor; e em s – Paris – lápis.
III – os ditongos são fechados. Os abertos serão acentuados na vogal correspondente, exceto os das paroxítonas com ei e oi: assembleia, boleia, ideia, heroico, apoio (do verbo apoiar), alcaloide; e as paroxítonas que tenham i ou u depois de um ditongo que não levarão mais: feiura, baiuca e outros.
Obs.: os ditongos das oxítonas terminadas em eis, eu e oi continuam sendo acentuadas: papéis, céu (s), lençóis, heróis (s).
IV- Hiato – Acentua-se o u e o i tônicos que não formam ditongo com a vogal anterior: cafeína, país, raízes, juízes, instruído, atraído, conteúdo, ataúde, balaústre, saúva, viúva. Entretanto não se acentua o i seguido de nh (rainha) e o i ou o u que fizerem parte de outra sílaba: juiz, raiz, amendoim.
Observação importante: as normas do hiato são invioláveis e prevalecem mesmo em conflito com outras regras.
V- O trema foi totalmente abolido, isto é, não se o usa mais nos grupos qüe, qüi güe e güi: cinquenta, quinquídio, linguiça, frequência, lingueta) .

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