Inúmeros estudos já estabeleceram a relação entre disfunção erétil (DE) e alguns dos principais fatores de risco para a doença isquêmica do coração, como a diabete e a hipertensão. Nesse sentido, a DE pode, enquanto um possível sintoma de dano endotelial vascular, comportar-se como um marcador da doença arterial coronariana (DAC). Interessados nessa questão, pesquisadores de São Paulo, da OMNI-CCNI Medicina Diagnóstica, investigaram a relação entre função peniana e perfusão miocárdica em uma população com suspeita ou diagnóstico já confirmado de DAC.

Segundo artigo publicado nos “Artigos Brasileiros de Cardiologia” em outubro de 2005 (v.85, n.4), dos 287 participantes do estudo, 137 (47,8%) apresentaram algum grau de DE, sendo a idade média maior nestes. “Além de hipertensão e diabetes, fatores de risco conhecidos para DAC e DE, os pacientes com função erétil comprometida tiveram também maior incidência de eventos coronarianos maiores no passado, tais como infarto do miocárdio e reperfusão miocárdica percutânea”, afirmam Juarez Ortiz e colegas no texto. De acordo com os pesquisadores, este último dado “aponta para a importância na detecção da DE, o mais precocemente possível, sendo ela não só marcador de DAC como possivelmente relacionada à sua gravidade”.

O estudo constatou também que o grupo com DE apresentou maior prevalência de alterações da perfusão miocárdica (necrose e/ou isquemia) e de diminuição da mobilidade e do grau de espessamento independentemente do fator idade. “Baseados neste estudo, os autores recomendam a inclusão de questionários sobre a função erétil na prática diária médica”, afirma o artigo.

Ao todo, a pesquisa envolveu 300 pacientes consecutivos que deram entrada na OMNI -CCNI Medicina Diagnóstica entre agosto e outubro de 2004. “Destes, 13 foram excluídos (4,3%) por apresentarem DE iatrogênica (causada por medicamentos ou cirurgia) como conseqüência de prostatectomia radical prévia”, explicam os pesquisadores. Após consulta clínico-cardiológica detalhada, os 287 homens selecionados responderam o questionário confidencial auto-aplicável do Index Internacional de Função Erétil (IIEF-5), que determinou a presença ou ausência de DE.

Os autores do estudo destacam no texto o fato de que “a hipertensão arterial e a diabete, apesar de prevalentes na população com DE, não se associaram, por si só, ao aumento da probabilidade de ocorrer distúrbios da perfusão miocárdica, fato que distingue um fator de risco de um verdadeiro marcador para DAC”.


Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)