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À espera de melhores preços, produtor segura a soja

Fernanda Mathias / Campo Grande News - 10 de maio de 2005 - 12:36

À espera de melhores preços, produtores estão segurando a soja como podem em Mato Grosso do Sul. Segundo a Granos Corretora de Grãos, hoje 42% da produção, de 3,8 milhões de toneladas do grão, ainda não estão comprometidos. Dos 58% já comprometidos foram efetivamente comercializados 36%.
Diante de um cenário de preços desanimador frente aos custos de produção, as vendas antecipadas tiveram uma retração brusca. O diretor da Granos, Carlos Dávalos, explica que no ano de 2003 foram comercializados antecipadamente 65 % da produção e no ano passado 45%. Este ano somente 12% haviam sido comercializados até a colheita.
“É uma distância muito grande. O produtor ainda está esperando um momento melhor para negociar”, diz. Ele analisa que por um lado na série histórica em dólar os preços estão bons, entre US$ 11,50 e US$ 11,60 a saca de 60 quilos, mas em reais são baixos, fechando a R$ 28,50 nos melhores negócios, no sul do Estado.
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino José Ferreira, afirma que a situação do produtor é preocupante. “Tem muita soja de R$ 25,00 a saca e este valor não cobre nossos custos”, afirma. Devido à deficiência de armazenagem muitos produtores estão escoando a soja para as multinacionais, mas sem efetivar a negociação, à espera de uma melhora no cenário.
Além dos preços ruins, o sojicultor teve grandes prejuízos por conta da estiagem. Considerando que a safra esperada era de 5 milhões de toneladas, foram perdidas cerca de 1,2 milhão devido à estiagem. Por um lado a quebra evitou o abarrotamento de estoques que uma safra cheia poderia trazer.
Já no milho safrinha as perdas chegam a 90% em Dourados, principal pólo produtor do Estado. “O produtor tem arcado com altos preços de insumos enquanto a soja caiu de um patamar de R$ 50 a R$ 25, sem redução de custos. O produtor investiu muito em tecnologia e produtividade e faltou política agrícola compatível”, afirma Ferreira.
Este ano a Coagri (Cooperativa Agropecuária e Industrial de Dourados) recebeu em seu estoque 815 mil toneladas de soja, 47% a mais que no ano passado e cerca de 50% já estão comercializados, enquanto no mesmo período em 2004 eram de 65% a 68%. O gerente comercial da cooperativa, Joni Messias, explica que em termos de mercado o principal problema é a baixa cotação do dólar, fechado ontem em R$ 2,45. Embora o valor de venda esteja fechando acima da série histórica de US$ 9,00 a saca, em reais acaba bem menor.
No ano passado, por exemplo, quando chegou a US$ 10,50 o produtor recebia R$ 33,60, com o dólar a R$ 3,20. Ontem a US$ 11,50 recebeu R$ 28,00. A isso se soma outro problema: os insumos para o plantio foram comprados quando o dólar estava na maior cotação, o que significa perda de renda ao produtor.
Tudo leva a crer que no fim deste ano o estoque restante seja maior que o do ano passado, quando a Coagri fechou com 10% dos grãos recebidos. Esse cenário, porém, pode mudar se o produtor sentir necessidade de escoar o produto para formar caixa para a próxima safra ou se surgir momentos positivos no mercado. Neste último caso vai depender de questões climáticas na safra norte-americana e chinesa. A Coagri recebe soja de 1,2 mil a 1,4 mi produtores.

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