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A crônica do Corino - O procurador federal

29 de outubro de 2006 - 05:14

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O procurador federal

Eu tenho um amigo virtual que é procurador federal. Devido a sua profissão que requer certos cuidados com segurança, pois sempre está combatendo pessoas suspeitas de envolvimento com o mundo do crime neste País que teima em dormir em berço esplêndido, estou omitindo o seu nome. Melhor: estou, neste exato instante, criando um pseudônimo para ele: João Brasil. É assim que irei chamá-lo a partir de agora.
Prezado leitor, em primeiro lugar, é uma honra tê-lo como amigo. As nossas conversas via on line merecem registro e ele próprio já me autorizou a publicar parte de seu conteúdo, sobretudo em função do nível de sua intelectualidade e cultura que está num patamar muito acima da média deste País. Que paupérrima comparação! Substancialmente acima, claro. Leia um rápido texto elaborado por ele e enviado para mim há alguns dias, mas antes veja o que enviei ao amigo para provocar um rápido debate e aprender um pouco com o amigo procurador.

“De acordo com levantamentos de organismos internacionais, o Brasil possui
a oitava pior concentração de renda do planeta, ficando atrás de países paupérrimos da África e de outros continentes.
Como o governo federal tem jogado duro contra as grandes riquezas deste
País,incluindo aí empresas ligadas de forma direta à mídia (a Globopar,
por exemplo, possui empresas em diversos segmentos), com uma fiscalização vigilante, é compreensível que haja essa reação. Eu posso estar equivocado, mas acredito que, enquanto o Brasil não implantar por aqui os fundamentos do capitalismo e da democracia (com regras claras de mercado, com a implantação da relação capital e trabalho, em que o consumo seja acessível à massa verdadeiramente produtiva e, sobretudo, em que o Estado de Direito seja respeitado, baseado em preceitos constitucionais, senão justos, mas ao menos realistas e praticáveis sob o ponto de vista da ética e da moral, talvez aí possamos viver com alguma dignidade. Eu mesmo, diante da política fiscal de Lula que é de certa forma perversa para as micro e pequenas empresas, sinto-me prejudicado, pois vendo exatamente para elas – as micro e pequenas empresas, claro - inserções publicitárias. Mas acredito, a priori, ser importnate diferenciar medidas duras fundamentadas em necessidades como fechamento das contas públicas e no equilíbrio da economia nacional como um todo, e tudo isso levando-se em conta que herdamos um Estado mal administrado após cinco séculos de equívocos históricos, é natural que uma parcela da população e da livre iniciativa tenha que se sacrificar. Eu costumo dizer que no Brasil não há capitalismo, mas capitanismo.
Enquanto não nos livrarmos dos resquícios do Império e da ditadura, dificilmente iremos ganhar corpo e forma de nação. Acho que falei muito para o meu tamanho. Fui.

Corino”

“Hoje, a propósito da sua mensagem via internet, enviei ao amigo uma excelente entrevista publicada no jornal Valor Econômico. Sobre as micros e pequenas empresas.
Aqui o debate é complexo. Não cabe simplificações, até porque envolve, não a
microeconomia, mas a macroeconomia. Vale dizer, exige conhecimento de dados
mais amplos. Basta ver a China x Brasil. E sabemos como ela e o porquê
cresce mais do que o Brasil e muitos outros.
Não há ética na política. Aliás, consultando o mais famoso "Dicionário de
Política", de Norberto Bobbio, nem consta "ética".
Concordo com o seu raciocínio, in totum, mas com ensina Balzac: "Que bela é
a teoria. Tudo desempenha um bonito papel. Infelizmente, em termos práticos,
tudo muda". É real, portanto, o que disse Rubens Ricupero: "Não existe
escrúpulo em política e em negócio". Ou como disse Celso Amorim em recente
entrevista: "Não há países amigos. Há interesses recíprocos".
Pesquisa do Sebrae demonstrou que o maior problema das micros e pequenas
empresas é que os proprietários misturam o empresarial com o pessoal. Aí meu
amigo...
Altíssimo nível o seu texto, não poderia deixar de assinalar.

João Brasil”

Como você pôde constatar, o debate é dos mais proveitosos. Não sou político, mas prometo novos capítulos. Axé, guerreiro.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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