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A crônica do Corino - Mudar para quê?

Corino Rodrigues de Alvarenga - 03 de fevereiro de 2007 - 18:41

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Desde adolescente defendo a idéia de que a única solução para o Brasil assumir o papel de grande Nação é através de uma reforma constitucional feita por um conselho de juristas altamente competentes – e nós os temos por aqui – com permissão, em nome dos brasileiros, para redigir, não uma carta magna, mas a Carta Magna.
Os nossos parlamentares, com raras exceções, já deixaram evidente a sua falta de compromisso com o País.
A primeira coisa que é preciso banir das leis deste País é o chamado direito adquirido, que, muitas vezes, é adquirido de forma estranha, para não dizer suspeita. Direito adquirido é a desculpa esfarrapada encontrada pela desfaçatez para manter o seu status quo.
Este País jamais será uma nação justa, fraterna e humana enquanto houver marajás ganhando rios de dinheiro e uma maioria trabalhadora submetida a salários miseráveis e a aposentadorias vexatórias.
O corporativismo e o cartel não podem se sobrepor à produção coletiva nem a malandragem de uma minoria pode predominar sobre o sagrado acesso, pela maioria, a uma vida digna.
O parlamentar que vota pensões vitalícias e aumentos abusivos de salário para si mesmo não vai além de ferramenta mal utilizada dentro de um regime democrático que sugere mão-de-obra melhor qualificada, reflexo, portanto, do despreparo dos eleitores que os elegem, e estes, num círculo vicioso e nefasto, também reflexos diretos da falta de políticas públicas eficazes de educação, de cultura etc.
Talvez a única vantagem aparente da ditadura em relação à democracia é que ela é o único regime em que as coisas poderiam mudar. Mas essa única vantagem aparente pára por aí – nós já experimentamos regimes ditatoriais e nada mudou efetivamente para melhor. A vantagem aparente, no caso, ficou apenas na possibilidade.
Mas é de frustrar o fato de se viver num regime democrático e perceber que não se trata de um regime feito pelo povo, para o povo e com o povo. Tudo não passa de uma embalagem. O povo só paga a conta. E o pato.
O eleitor, que deveria ter consciência de seu papel ao votar, mantém-se distante, indiferente, surdo, cego e mudo. O eleitor provoca o desastre e finge que não é com ele.
Os governantes, que deveriam zelar melhor dos interesses reais do País, mantêm-se inertes, quando deveriam ser céleres e realizadores.
O Brasil, dessa forma, perde tempo, e, sobretudo, a oportunidade de dar um passo adiante.
Afinal falta a cada um de nós o sentimento de pátria – de pátria amada, segundo sugere o nosso Hino. E esse sentimento de pátria é que faz de nós um povo sem identidade, sem auto-estima, sem perspectivas.
Um grande País só existe porque tem um povo que respeita suas leis, e, portanto, um grande País depende de leis sérias que sejam cumpridas à risca.
Só que chegar a essa conclusão é o mesmo que reconhecer o seguinte: não possuímos um Congresso Nacional com competência para redigir tais leis. Até porque, se houvesse uma iniciativa nesse sentido, não haveria quorum para a sua discussão.
Ou seja, estou escrevendo sobre um tema em que o final todo mundo já sabe: nada irá mudar porque não interessa ao sistema a mudança. Mudar para quê?
A maioria dos maiorais está se divertindo. A maioria de lá, a dos políticos e tecnocratas, claro. A maioria de cá vai de mal a pior.
Mas é uma pena. Não resta dúvida de que é uma pena.

Corino Rodrigues de Alvarenga
Contato com o colunista:
[email protected]

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