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Criptorquidia: o que fazer quando o testículo não está na bolsa escrotal?
Normalmente os testículos são formados no interior do abdômen e nos últimos meses da vida intrauterina migram (descem) para a bolsa escrotal, passando pelo canal inguinal. Chama-se criptorquidia (do grego: cripto = caverna, esconderijo; orquis = testículo) à situação em que um dos testículos ou ambos ficam retidos em algum ponto do trajeto que deveriam percorrer. Trata-se de uma das anomalias genitais mais comuns em meninos.
Quais são as causas da criptorquidia?
O caminho de migração dos testículos pode ser obstruído por hérnias ou malformação do abdômen inferior. É comum a criptorquidia em bebês prematuros e ela também ocorre em 3 a 4% dos bebês nascidos a termo. Quanto mais prematuro o bebê, maior será a chance de que apresente criptorquidia.
Quais são os principais sinais e sintomas da criptorquidia?
Em geral a criptorquidia não apresenta sintomas, a não ser que o testículo abdominal apresente alguma complicação, como infecção, por exemplo. A retenção dos testículos no interior do abdômen pode inviabilizar a produção de espermatozoides, provocando infertilidade, sobretudo quando os dois testículos são afetados, porque eles precisam estar 1 a 1,5°C abaixo da temperatura corpórea, o que só conseguem na bolsa escrotal. Na criptorquidia, os testículos são mais propensos a lesões ou torção testicular.
Como o médico diagnostica a criptorquidia?
O diagnóstico do criptorquidia deve ser feito por um exame direto de palpação da bolsa escrotal, assim que a criança nasce, a qual constatará, se for o caso, a ausência dos testículos. Um diagnóstico diferencial deve ser feito com o testículo retrátil. Neste caso, os testículos atingem sem dificuldades a bolsa escrotal, mas se retraem graças a uma ação exacerbada do músculo cremaster. Essa situação em geral não requer nenhuma intervenção médica e se corrige sozinha até a puberdade. Outra situação que deve ser diferenciada da criptorquidia é a anorquia (ausência congênita de testículo) que só pode ser constatada no momento da operação.
Como o médico trata a criptorquidia?
Se no exame inicial os testículos não estiverem presentes na bolsa escrotal e se encontrarem retidos em algum ponto do trajeto que deveriam fazer, a conduta deve ser de observação, durante um ano, um ano e meio, porque nesse prazo eles ainda podem migrar naturalmente. Caso contrário, a anomalia deve ser logo corrigida para preservar a função germinativa. Se os testículos ficarem retidos no abdômen e submetidos à temperatura do seu interior eles podem sofrer danos e não produzir espermatozoides, além de favorecer o aparecimento de neoplasias.
A gonadotrofina coriônica administrada por via venosa auxilia o amadurecimento e a migração dos testículos, mas na maioria das vezes o tratamento deve ser uma cirurgia para liberá-los de aderências que os estejam retendo e permitir que eles atinjam a bolsa escrotal. Se houver impossibilidade de levar o testículo até a bolsa escrotal, o melhor é retirá-los para evitar consequências graves.
Como evolui a criptorquidia?
A maioria dos casos de criptorquidia se resolve espontaneamente. A correção cirúrgica na maioria das vezes tem êxito.
Em cerca de 20% dos casos os testículos “descem” por si sós nos primeiros três ou quatro meses de vida.
Quais são as complicações possíveis da criptorquidia?
A criptorquidia é uma das causas importantes de esterilidade masculina e favorece o desenvolvimento de neoplasias, mesmo depois que a criptorquidia seja corrigida.
Uma complicação rara da cirurgia que visa corrigir a criptorquidia, chamada orquidopexia, se verifica quando o testículo movido retorna para o abdome, levando a outra cirurgia.
Em casos raros o testículo pode perder sua irrigação sanguínea e então ele se torna apenas um tecido cicatricial.