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Terapia por ondas de choque é opção menos invasiva no tratamento de lesão

Portal Educação Física - 18 de maio de 2016 - 11:00

Grande parte das lesões ocasionadas nos esportes são geradas por microtraumas de repetição e enquadram-se na categoria denominada “lesões por overuse”. Quando o indivíduo treina, existe sempre certo grau de destruição tecidual que, logo em seguida, durante o período regenerativo, é compensado por produção de matriz extracelular. Em outras palavras, durante o repouso, o organismo refaz os tecidos de maneira que se tornem mais fortes, preparando o corpo para o esporte que o atleta prática.

Para que este ciclo de destruição/reconstrução seja convertido em ganho de performance, deve haver um equilíbrio, o chamado em medicina esportiva de supercompensação. Porém, quando existe desequilíbrio, a destruição é maior e aumenta o risco de lesões. Sabe-se alguns tecidos do aparelho locomotor apresentam certa dificuldade de cicatrização, gerando lesões muitas vezes avasculares (com pouca circulação) e, portanto, com pouca resposta ao uso de anti-inflamatórios e recursos da fisioterapia.

Historicamente, existiu sempre um esforço muito grande da ciência em cicatrizar estas lesões para acelerar o retorno do indivíduo ao esporte. Podem ser usados procedimentos invasivos, como a tradicional infiltração com corticoides, e procedimentos cirúrgicos, alguns com excelentes resultados, outros discutidos pela literatura.

A partir da década de 90, o avanço tecnológico representado pelo tratamento por ondas de choque chegou à ortopedia. A ideia é estimular o processo de cura biológica em tendões, tecidos circunvizinhos e ossos. Apesar dos resultados extremamente favoráveis para a cura das lesões, existem controvérsias quanto ao mecanismo exato de seu funcionamento.

Há duas teorias básicas que explicam seu efeito benéfico no sistema musculoesquelético. Uma baseia-se em microlesões que as ondas provocam no tecido-alvo sem danificar os tecidos adjacentes. Estas microlesões seriam o estímulo inicial para o processo de reparação. A segunda teoria baseia-se na produção de óxido nítrico na área atingida pelas ondas de choque. Este óxido nítrico desencadeia uma reação enzimática que estimula o crescimento vascular na área atingida.

Na última década, sua utilização na medicina esportiva se popularizou por beneficiar os atletas que não melhoraram pela reabilitação tradicional, mas não querem se submeter a procedimentos invasivos ou possuem contra- indicação.

No Brasil, procedimento possui registro na ANVISA e tem indicação para fasceíte plantar com ou sem esporão, pseudoartrose (fraturas não consolidadas) ou retardo da consolidação, calcificações periarticulares dos ombros (tendinite calcária e epicondilite lateral e epicondilite medial umeral (cotovelo de tenista e golfista). As contraindicações incluem anormalidades na coagulação sanguínea (coagulopatias), gravidez, infecção aguda de tecido mole ou osso, arritmias cardíacas ou uso de marca-passo e epilepsia.

Os estudos publicados na última década apontam um índice de eficácia de 70% a 85% dos casos, incluindo alguns atletas que tiveram indicação prévia de tratamento cirúrgico. A terapia de ondas de choque, além de auxiliar na cura destas lesões crônicas por overuse, trouxe à comunidade cientifica mais conhecimento dos mecanismos biológicos de reparo tecidual e, sem dúvida, será sempre alvo de pesquisas.

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