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Petrobras ainda analisa situação com decreto de Morales
A direção da Petrobras irá analisar ao lado de autoridades brasileiras as conseqüências para a empresa da nacionalização dos campos de exploração de petróleo e gás natural na Bolívia, anunciada hoje pelo presidente Evo Morales ao mesmo tempo em que tropas militares e técnicos da YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos, estatal do setor no país vizinho) invadiram instalações petrolíferas pertencentes a indústrias estrangeiras.
Ildo Sauer, diretor de Gás e Energia da Petrobrás, disse à Folha Online que a medida [tomada pelo governo boliviano] ainda está sendo objeto de exames mais detalhados. Ainda hoje, a Petrobras deve divulgar nota oficial sobre o assunto. Estamos todos preocupados em ter uma posição o mais cedo possível, para assegurar os interesses da Petrobras e dos seus acionistas. Porém, Sauer disse que o contrato da empresa com a YPFB não será afetado pela decisão do governo boliviano, o que afasta o risco de desabastecimento. A questão interessa a Mato Grosso do Sul pelol fato do gás natural importado da Bolívia é uma das principais fontes de ICMS para o tesouro sul-mato-grossense, uma vez que a entrada do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil) em território nacional se dá pelo Estado onde é recolhida a tributação.
Com o decreto assinado por Morales, todas as empresas estrangeiras do setor do gás e petróleo na Bolívia devem entregar as propriedades para a YPFB, que assumirá a comercialização do produto incluindo as decisões quanto a condições, volume e preços, para o mercado interno e externo. Desde 1996, a Petrobras já investiu US$ 1,5 bilhão na Bolívia, além de US$ 2 bilhões para trazer o gás boliviano para o Brasil. No país vizinho, a empresa brasileira é responsável pelos dois principais campos de gás, já ocupados por militares, além de possuir duas refinarias. A Petrobras responde, hoje, por 15% de todo o PIB (Produto Interno Bruto) da Bolívia.