O que se adquire hoje é diferente do que se adquiria no passado. A constatação é do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Nunes, ao analisar os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2002-2003) divulgada hoje.

Nunes destaca a mudança nos hábitos de consumo das famílias brasileiras nos últimos 30 anos. "Hoje, compra-se mais produtos preparados do que os feitos em casa; gasta-se mais com alimentação fora de casa, principalmente porque hoje a sociedade brasileira tem outras características", explica. E lembra que o orçamento mensal agora mal dá para as despesas com habitação, alimentação e transportes, além da parcela destinada aos investimentos, que também diminuiu, assim como aquela antes usada para pagamento das dívidas, que quase não existe mais.

Na avaliação do presidente do Instituto, Eduardo Nunes, o estudo traz características marcantes, que vão desde a constatação de que 85% das famílias não conseguem chegar ao final do mês com os rendimentos mensais à declaração de 47% das famílias de que estão insatisfeitas com os alimentos consumidos.

"É preciso levar em conta, também, que a população está mais urbanizada e que a principal fonte de renda é o trabalho assalariado", acrescenta Nunes. A pesquisa custou R$ 6 milhões para o IBGE. Foram visitados 60 mil domicílios em todo o país, dos quais 48 mil responderam às perguntas dos técnicos. Os 12 mil domicílios restantes ou estavam fechados ou as famílias se negaram a responder os questionários.