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Especial AI-5: Arthur Virgílio diz que o AI-5 mostrou

Marcos Chagas, ABr - 13 de dezembro de 2008 - 14:00

Brasília - A edição do Ato Institucional nº 5 foi o sinal mais claro de consolidação da ditadura militar, demonstrando que seus representantes não tinham a disposição de reconduzir tão cedo o país ao comando civil. A avaliação é do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), que também analisa aquele momento político de 1968 como o “racha” da resistência ao golpe militar de 1964.

Virgílio Neto viu colegas partirem para a luta armada sob o argumento de que, com o AI-5, a única reação que permitiria a retomada do processo democrático seria pelo confronto direto com os militares.

“Muitas pessoas generosas foram para o caminho da luta armada, que eu julgava e julgo errado. O certo para mim era fazer o que muito de nós fizemos, sem o mesmo heroísmo nem paciência talvez, mas trabalhar as bandeiras que procurassem trazer o povo para a causa democrática”, recordou.

Articulista do jornal fluminense Tribuna da Imprensa, Arthur Virgílio perdeu o emprego devido às críticas que fazia ao regime imposto desde 1964. Os crescentes movimentos populares pela retomada do Estado Democrático de Direito, com adesões de instituições da sociedade civil organizada, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), forçaram os militares a dar uma resposta.

Numa analogia com o jogo de pôquer, o hoje líder do PSDB no Senado recorda: “A ditadura disse: ou eu reajo ou caio. Ela reagiu e, como num jogo de pôquer, ela arriou as cartas com as mãos cheias e nós não tínhamos cartas. Nós perdemos e foi muito amargurante”, lembrou.

Além de ser atingido pessoalmente pelas restrições impostas, o líder do PSDB ainda conviveu com a cassação de seu pai, Arthur Virgílio Filho, em 1969, quando era senador, à época aos 48 anos de idade. “Ele nunca deixou de ter um dia de amargura, até morrer aos 68 anos, de câncer de próstata. Ele tinha momentos de felicidade, mas tinha angústia todos os dias”, relatou Arthur Virgílio Neto à Agência Brasil.

A ruptura definitiva com o compromisso democrático também trouxe lições para o líder tucano. Neste sentido, ele destacou a intransigência com os valores democráticos e a oportunidade de radicalizar em suas convicções e valores a partir da convivência política, sem sectarismo.

“Foi bom eu ter aprendido uma coisa: a gente não deve cultivar o ódio. Eu não tenho ódio, sou amigo de uma pessoa que assinou o ato de cassação do meu pai, o Jarbas Passarinho [então ministro do Trabalho]".

Jarbas Passarinho participou da reunião, no Palácio do Planalto, que decidiu pela edição do AI-5. Ele é autor da histórica frase proferida ao posicionar-se favoravelmente à consolidação do processo ditatorial: “A mim me repugna, senhor presidente, enveredar pelo caminho da ditadura, mas já que não há como evitá-la, às favas os escrúpulos de consciência".


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