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Crime organizado mudou a segurança pública Italiana
Promotor italiano afirma que crime organizado impeliu o Estado italiano a criar novas penalidades para seus autores e práticas de defesa a informantes, colaboradores e testemunhas.
Cobertura especial direto da Emerj - Seminário Crime Organizado
Para Fausto Zuccarelli, promotor italiano e enviado da embaixada do país, o crime organizado na Itália interage com redes criminosas de todo o mundo. Segundo o promotor, a força criminosa conta com armamentos provenientes do narcotráfico colombiano, auxílio financeiro de vastas redes de lavagem de dinheiro, suporte logístico de matadores e contas bancárias em diversos países. Hoje não se pode falar em crime organizado, e sim em crime organizado multinacional, assegurou ontem durante o seminário Crime Organizado, que termina hoje na Emerj.
O crime organizado não conhece fronteiras. Barcos dos Bálcãs trazem armamentos para a Itália, que por sua vez os transfere para redes terroristas, como o ETA. E as redes criminosas italianas também recebem armamentos e entorpecentes da América Latina, e realizam operações com organizações criminosas africanas. Para piorar, as burocracias alfandegárias deixam incapacitadas as polícias que cuidam do combate a todas essas variedades de ações ilegais afirmou Zuccarelli, criticando as políticas dos Estados contemporâneos.
Para o enviado da embaixada italiana, seu país sofre os efeitos colaterais provenientes das atividades das máfias. Segundo ele, as máfias empregam táticas terroristas tais como atentados à bomba, seqüestros e homicídios. As fontes de financiamento muitas vezes são o narcotráfico, o tráfico de influência e as redes de extorsão. A quantidade de atos homicidas praticados pela máfia na Itália já ultrapassa a casa dos milhares, e, no passado, atingiu várias vítimas ilustres, como o juiz Giovanni Falconi, disse.
Ele explicou que a Itália, em contrapartida, foi forçada a adotar uma série de medidas duras com relação ao sistema penal. O governo italiano aprovou leis que reduzem drasticamente as liberdades dos prisioneiros com o intuito de amputar possíveis contatos entre o corpo e os dirigentes das redes mafiosas -, também criando penas ampliadas e aumentando a vigilância sobre atividades suspeitas, disse. Outro lado do sistema penal Italiano afetado foram as estratégias de proteção às testemunhas/informantes. A proteção a testemunhas italiana conta com meios para mudar identidades, transferir os sujeitados ao programa entre regiões, mudar profissões e até mesmo recriar trajetórias profissionais nesse ponto se aproxima bastante do modelo americano, disse e esclareceu que neste grupo são incluídos os colaboradores, que contam com o privilégio da delação premiada.
Para Zuccarelli, apesar de todos os esforços nacionais, são indispensáveis ações conjuntas de diversos Estados nacionais. Segundo ele, os crimes multinacional e transnacional demandam fronteiras mais flexíveis, menos burocratizadas. A Europol e a Eurojus são exemplos de métodos de combate ao crime multinacional exemplifica. O promotor assegura que o conceito de soberania não é violado por ações conjuntas. A interferência de forças policiais estrangeiras pode ser eficaz e sanitária para todos os países afetados.
Agência Notisa (science journalism jornalismo científico)