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Covid: removemos o corpo da minha avó sozinhos, diz homem que perdeu 3 parentes

Além de perder a avó para a doença, Rodolfo Rodrigues Passeli de Carvalho também perdeu os tios para o vírus

SBT Interior - 18 de fevereiro de 2021 - 06:40

Covid: removemos o corpo da minha avó sozinhos, diz homem que perdeu 3 parentes

A covid-19 vem devastando várias famílias em todo o mundo. Em Birigui (SP), região de Araçatuba (SP), não foi diferente.

Um caso tem chamado a atenção e revoltado vários moradores da cidade. Neide Rodrigues Passeli, de 73 anos e os filhos, Silvana Passeli, de 54 anos e Deividi Rodrigues Cheregatto, de 33 anos morreram vítimas da covid-19 com menos de 10 dias de diferença. Eles tinham comorbidades e não resistiram.

Uma tragédia sem precedentes. Mas o pós-morte das vítimas foi mais revoltante. Ao sbtinterior.com, Rodolfo Rodrigues Passeli de Carvalho, neto de Neide e sobrinho de Silvana e Deivid, contou os momentos de aflições enfrentados pela família.

“No dia 10 minha avó faleceu na casa dela. Logo pela manhã percebemos que ela não respirava mais. Neste dia, começou o drama da minha família. O corpo dela ficou cerca de 9h no local. Não tinha gente para remover o corpo. Quem removeu foi eu e meu primo”, disse.

Ainda segundo ele, os materiais necessários para lacrar o corpo também estavam em falta na cidade, além de não haver, em Birigui, um médico disponível para atestar a morte de Neide.

“O pessoal da funerária tinha só um saco para lacrar o corpo da minha avó, que ainda estava rasgado. Eu, meu primo e minha esposa ficamos expostos ao corpo com o vírus. Nós enrolamos o corpo da minha avó em um lençol para colocá-lo no caixão”, completou.

Ainda segundo Rodolfo, até o momento, a prefeitura não entrou em contato com eles nem para fazer o teste de covid-19. “Não fizemos exames porque os postinhos estão sem médicos e só estão testando quem tem sintomas. Se não estiver com sintomas, não faz o teste".

SEM LEITOS DE UTI

Já com os tios de Rodolfo, a situação não foi muito diferente. Eles estavam há cerca de 10 dias com os sintomas, quando precisaram ser internados.

“Quando minha avó morreu, a Silvana já estava internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) internada porque ela já tinha um problema pulmonar, mas não estava entubada. Nesta terça-feira (16), recebemos a notícia da morte dela”, finalizou.

Para o tio, a demora em conseguir um leito de UTI foi determinante, segundo ele. “Nós demoramos um dia para conseguir um leito, fomos em todos os hospitais particulares e em todos do SUS para tentar uma vaga e não conseguimos. Essa demora de um dia foi o suficiente para agravar o estado de saúde dele. Ontem (16) meu tio estava bem, e hoje, (17), meu tio faleceu”.

Inconformado, ele falou ainda sobre a falta de leitos e o problema na saúde que a cidade vem enfrentando após decretar estado de calamidade na saúde.

“Os médicos e os enfermeiros estão cansados. Não tem estrutura, não tem leitos de UTI. A gente está há um ano em quarentena e não abre leito, não tem leito. Não conseguimos transferir nem para rede particular”, lamentou.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Birigui para questionar a falta de leitos de UTI na cidade, mas ainda não recebeu retorno.

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