Desdobramento de movimento nacional, a adesão à campanha "Movido pelo agro" fez empresários e representantes do setor sucroalcooleiro se reunirem hoje (12) na Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), para discutirem como está e projetar o futuro do etanol no Estado. A previsão é que a produção atual de 3,7 bilhões de litros possa saltar para 5 bilhões de litros nos próximos anos.

"Com a vinda de novas fábricas de etanol de milho, nossa produção pode chegar a 4,5 bilhões de litros ou até 5 bilhões de litros. Pode haver investimentos não só na produção do etanol em si, mas na geração de bioenergia", detalhou o presidente da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Amaury Pekelman durante o evento.

É um aumento esperado de 35%, que também depende de haver crescimento no consumo do produto como combustível de carros e motos flex, por exemplo. Inclusive, é inspiração para a campanha o lançamento desse modelo de veículo ter completado uma década no ano passado.

A "Movido pelo agro" foi puxada pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais. Mato Grosso do Sul é o segundo a aderir.

Vantagens - Participou também do encontro da Famasul, o titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck. Ele comemorou a iniciativa, que pode incentivar à opção do etanol no abastecimento, incrementar a produção e ajudar na meta do Estado de reduzir as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa e aquecimento global.

"Sempre comentava da necessidade de uma campanha para incentivar o uso do etanol e falar como isso traz um avanço significativo. A campanha não é só pela questão de preço [do combustível], mas pela sustentabilidade", disse Verruck.

O evento na Famasul destacou que, em comparação à gasolina, o etanol polui menos. Outro benefício ao meio ambiente é a bioenergia (a partir de subprodutos), poder substituir o uso de fontes de energia não-renováveis e mais poluentes. Segundo o secretário da Semadesc, 92% das fontes de energia já utilizadas em Mato Grosso do Sul são renováveis. "Estamos terminando nosso plano de transição energética no Estado e queremos acrescentar a eólica", acrescentou.

Marcelo Bertoni, presidente Famasul, quer que, além de empresários do setor, as pessoas em geral se engajem também. "Espero que a população que sempre diz que 'a gente precisa ser mais sustentável', aceite essa ideia. A campanha começou por Minas Gerais e a gente quer ajudar o governo [de MS] a cumprir a meta", falou.

A entidade, ainda segundo Bertoni, tem a frota de veículos 100% movida a etanol e sorteia vouchers de R$ 150 para funcionários abastecerem com essa opção. A instituição estende a proposta para prestadores de serviço que, junto aos colaboradores, somam cerca de 900 pessoas.

Números - De acordo com os dados da Biosul, cerca de metade da produção de etanol produzida em Mato Grosso do Sul é consumida no próprio Estado. No ano passado, isso representou 417 milhões de litros.

O setor sucroenergético está presente em 40 dos municípios e emprega aproximadamente 30 mil pessoas. Atualmente, o Estado tem 19 plantas indústrias neste setor em operação e outras três que devem iniciar a produção nos próximos meses.

Mato Grosso do Sul é o quarto maior produtor de etanol a partir da cana-de-açúcar e o segundo maior produtor a partir do milho. A safra de cana-de-açucar 2023/2024, que se encerra em 31 de março já é recorde no processamento da matéria-prima: foram 50,5 milhões de toneladas até a segunda quinzena de fevereiro.