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Triplica o número de brasileiros vivendo em Londres

Agência Brasil - 14 de agosto de 2003 - 15:55

A população brasileira em Londres triplicou desde 2001, de acordo com os registros do Consulado do Brasil na capital britânica, segundo reportagem publicada hoje pela BBC.
O número de brasileiros cadastrados oficialmente no consulado saltou de 4 mil para 12 mil no período – só nos últimos quatro meses, o aumento na procura por serviços consulares foi de 40%.
Os dados oficiais, entretanto, servem apenas como termômetro para medir a variação da população brasileira, já que a maioria dos recém-chegados não se registra no consulado, avalia a reportagem da BBC.
"Não sei dizer qual é o número total de brasileiros na cidade, a única coisa que sei é que estamos sobrecarregados", diz o cônsul-geral, Fernando Barreto.
As últimas estatísticas do Ministério do Interior britânico registraram a entrada de 102 mil brasileiros em 2001 – dos quais 5,7 mil não conseguiram entrar no país –, mas o tamanho da nação verde-amarela residente na capital britânica permanece um mistério.
As estimativas informais variam muito, de 15 mil a até 80 mil brasileiros.
"Nos últimos tempos, tem vindo muito brasileiro sem ter onde ficar perguntar para a gente onde se consegue trabalho e acomodação", conta o estudante Olívio Neto, de 22 anos, que chegou de Fortaleza, no Ceará, há quatro meses e trabalha para a escola de inglês em que estuda, entregando folhetos na Oxford Street, a principal rua comercial da cidade.

Ponto de encontro
Perto de onde Neto distribui os panfletos do curso fica a lanchonete Brazilian Touch, mais conhecida como Feijão do Luiz, um ponto de encontro da comunidade na cidade.
"Eu não tenho mais como aumentar o movimento. Ficamos cheios o dia inteiro e agora eu nem reconheço mais as pessoas, de tanta gente nova que tem chegado", afirma Marcelo de Souza, de 34 anos, sócio da lanchonete.
A procura anda tão alta que, nos próximos meses, Souza planeja abrir um supermercado só de produtos brasileiros.
"Você vai chegar lá e encontrar mais de 150 produtos do Brasil", diz.

Transferência de dinheiro
Outro forte indício do reforço na imigração é o aumento na demanda pelos serviços de transferência de dinheiro para o Brasil.
"Só no último mês, tivemos um aumento de 35%, mas já vínhamos registrando crescimento médio de 25% por mês há anos", afirma Victor Nascimento, diretor da Uno Money Transfers, que atua no mercado britânico há dez anos.
A Uno faz hoje cerca de mil transações por semana, apesar do acirramento da concorrência. Em 1998, este número era de apenas 300, lembra Nascimento.
Uma das empresas mais novas neste mercado, fundada há apenas quatro meses, passou de dez transações por semana, nas primeiras semanas de existência, para cerca de 150 transações por semana, atualmente.
Outro indicador é a multiplicação das revistas especializadas para a comunidade brasileira. Hoje, já são quatro publicações, além de um jornal.
A mais nova delas, a Jungle Drums, cresceu não só no número de páginas como na tiragem, 20% maior, em sua última edição bimensal, com 12 mil exemplares.
A mais antiga, a Leros, que é mensal, até o ano passado era em preto-e-branco. Passou a ser colorida, aceita assinaturas e, na edição de agosto, tem nada menos que 106 páginas recheadas de anúncios.
"Hoje, quando fazemos uma tiragem de 15 mil sobram uns cem a 150 exemplares. Mas é muito difícil avaliar o número total de leitores", afirma o diretor da revista, Vicente Lou, que estima a comunidade brasileira de Londres em algo entre 30 mil a 35 mil pessoas.

Perfil
Para Lou, o perfil do imigrante brasileiro está mudando. Até meados dos anos 90, ele tinha um nível sócio-econômico mais alto e vinha com alguma infra-estrutura.
"Percebo a mudança pela dificuldade de interpretação dos textos da revista e pela qualidade dos e-mails que recebemos", analisa.
Em Londres, há quatro anos, o estudante de Itatiaia, no Rio de Janeiro, Cléverson Souza, de 34 anos, é formado em história, cursa um mestrado em relações internacionais e trabalha como eletricista.
"Já lavei pratos e vendi flores, mas não me envergonho disso. Queria aprender inglês", explica o estudante, que chegou a criar um serviço gratuito para ajudar brasileiros recém-chegados a Londres, ensinando um vocabulário instrumental e como superar os principais obstáculos burocráticos.
A carência por esse tipo de informação elevou o número de telefonemas ao consulado brasileiro em 74% nos últimos quatro meses.
"A cada dia aumenta mais. Entre as hipóteses que vemos para explicar isso está a legislação britânica, que permite que estudantes trabalhem, e a dificuldade de entrar nos Estados Unidos desde 11 de setembro", afirma o cônsul-geral, Fernando Barreto.

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