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Geral

Ruídos na comunicação entre a mídia e os médicos

Agência Notisa - 08 de maio de 2006 - 07:14

A integração entre médico e mídia no esclarecimento da opinião pública foi o primeiro assunto a ser colocado em discussão no último dia do 2º Seminário de Integração Nacional Médico e Mídia, evento promovido pela Federação Nacional dos Médicos (FENAM) e realizado no Hotel Glória.

A questão foi levantada por Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), que comentou também a reformulação ocorrida na instituição nos últimos anos.

Na opinião de Argollo, é preciso compreender melhor a ligação entre os profissionais da saúde e os da comunicação, uma relação que seria “muito regrada” pelas normas do código de ética da classe médica e pelas resoluções dos conselhos. O objetivo deste balizamento, explica ele, seria resguardar a classe médica de possíveis abusos e evitar excessos de médicos na promoção de seus serviços, o que aconteceria devido à alta concorrência no mercado de trabalho. O palestrante condenou, por exemplo, os profissionais que utilizam anúncios do gênero “aproveite o verão para tirar o seu apêndice” para obter visibilidade e disse não enxergar problemas na utilização de propagandas, desde que estas sejam feitas com os cuidados necessários – no caso, o nome e o CRM do especialista.

Excesso de diplomas

O especialista criticou também o excesso de profissionais formados pelas faculdades brasileiras, que chegam a ser maiores em número do que as de países como China e Estados Unidos. De acordo com ele, essa quantidade de médicos no mercado não ajudaria em nada o atendimento nos hospitais públicos ou privados brasileiros: ao contrário, faria com que estes se tornassem ainda piores já que o problema não seria a falta de profissionais capacitados, mas a conexão eficaz entre eles e a população. “Ao invés de asfaltar uma estrada, construímos várias pontes. Por conta disso ficamos com várias vias não integradas. Se fosse pelo número de médicos, teríamos a maior assistência do planeta”, afirmou.

O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul também comentou os impactos dessa oferta excessiva de profissionais na área da saúde. Ele revelou que atualmente cerca de 50 médicos se encontram em listas de espera por vagas, um cenário que contribuiria para exigências maiores em cima dos que se encontram empregados, como a limitação de requerimentos para exames e emissão de atestados por planos de saúde.

Ruídos na comunicação

Para Argollo, essas e outras dificuldades que compõem o dia-a-dia de enfermarias, emergências e salas de consulta, vivenciados diariamente pela classe médica, nem sempre são compreendidas pela sociedade devido à dificuldade dos próprios médicos de estabelecer esse diálogo. Pensando justamente nessa dificuldade de comunicação com a sociedade, o médico implementou várias mudanças no sindicato gaúcho.

Primeiramente, foi preciso investir na comunicação com os próprios profissionais de saúde associados. Para tal o órgão investiu em linhas telefônicas e estendeu o seu serviço de atendimento até às 3h da madrugada. Em seguida, foi a vez de fortalecer a comunicação com outros seguimentos da sociedade, o que foi feito através da contratação de profissionais das áreas de direito e comunicação.

A integração com profissionais de outras áreas teriam possibilitado rituais positivos para os médicos, principalmente para os que tinham dificuldade de falar com a imprensa, que passaram a contar com a ajuda de jornalistas no atendimento à imprensa. Além disso, o contato com os profissionais de comunicação rendeu a elaboração de vários produtos que favoreceram a comunicação entre os próprios médicos – como o boletim “Tarja Preta” e a publicação bimensal “Siemens em revista” – e com a comunidade, o que foi feito através de inserções em jornais da região, spots para rádio (o programa “Minuto SIMERS”), em alguns canais (por um programa produzido pelo sindicato) e na internet (através de uma rádio on line que também é controlada pela instituição). Todas essas modificações fizeram com que “o sindicato, que antes não era escutado, virasse fonte de informação para a imprensa”.


De acordo com o presidente do sindicato, todas as iniciativas devem ter continuidade por fazerem parte de “uma caminhada para que sociedade entenda o que pensamos, os problemas que enfrentamos individualmente e dentro da nossa categoria”. Por fim, Argollo ressaltou a importância de profissionais devidamente qualificados para estabelecer uma comunicação que possibilite o esclarecimento da sociedade de uma forma geral. “Isso não pode ser feito de forma armadora. Se médico falar para jornalistas receitarem remédios teremos problemas. Temos que falar como recomenda o especialista de cada área”, concluiu.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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