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PT discute estratégias para conquistar prefeituras

Lima Rodrigues/Agência Popular - 30 de agosto de 2003 - 14:52

Nos pleitos municipais de 1982, ainda sob o regime militar, o então recém-fundado Partido dos Trabalhadores, que participava pela primeira vez de uma disputa eleitoral, conseguiu apenas duas prefeituras: Diadema, na Grande São Paulo, e a pequena Santa Quitéria, no Maranhão. Hoje, o partido, que alcançou o poder federal na última eleição, ainda é um nanico quando se trata de prefeituras. Tem 183, ou cerca de 3,3% dos 5.561 municípios do país. Do outro lado, PSDB, PMDB e PFL somados governam mais de 3,2 mil prefeituras.

De olho naquele que será o primeiro desafio eleitoral para o governo Lula, o PT lançou em agosto uma campanha de filiação e atualmente prepara seminários e encontros em todo o país para discutir as eleições municipais do ano que vem. Neste sábado (30), termina em Belo Horizonte o 1º Seminário de Comunicação e Propaganda Eleitoral, que reúne quase 500 representantes do partido para debater as eleições municipais de 2004. O encontro, coordenado, entre outros, pelo publicitário Duda Mendonça, convocou prefeitos e dirigentes de todos os estados.

Uma das metas do planejamento que o partido desenvolve é lançar candidatos a prefeito e a vereador em todos os municípios. Onde não houver candidatos, o partido vai se coligar com os partidos da base aliada no Congresso Nacional. “O PSDB e o PFL fazem uma oposição sistemática, sectária, ideológica ao PT. Portanto, é muito difícil fazermos aliança com esses dois partidos”, deixou bem claro o ex-deputado José Genoíno, presidente nacional do PT.

Outro desafio da campanha é enfrentar os temores dos militantes históricos de que a ideologia do partido seja desfigurada. Por isso, a filiação tem critérios rigorosos. “O PT não deixou de ser um partido de quadros. Nós somos um partido de quadros e de massa ao mesmo tempo. Combinamos os dois aspectos e, hoje, temos quadros em todos os estados”, disse Genoíno. Segundo ele, a campanha é de massa, mas é politizada e preserva a qualidade, porque “o partido não quer inchar, mas crescer politicamente”. A meta é crescer nas eleições municipais para apoiar cada vez mais o governo Lula. “E crescer como um partido de esquerda, moderno, socialista e democrático”, lembra ele.

A possibilidade de crescimento do PT já causa reações na oposição. O vice-líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Pannuzio (SP), diz que ocorre “partidarização da máquina pública, de forma anti-democrática, porque o Estado está acima do governo e dos partidos políticos”. Pannuzio acusa o PT de empreguismo e nepotismo. Genoíno rebate as acusações. “O PSDB perdeu a cabeça na maneira de fazer oposição ao PT. O PT não usa a máquina e não usa cargos para crescer. Somos uma legenda forte e o partido hoje com a maior aceitação popular e o menor índice de rejeição. O PSDB tem que cuidar do seu partido e não se preocupar com o PT”, afirma.

O líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), também rejeita as críticas. “Ao contrário do que foi feito no passado, o PT não recebeu um deputado na sua bancada. Nós estamos com a mesma bancada com que iniciamos o ano, mesmo sabendo que um partido do presidente da República e que está no governo, sempre recebe e atrai parlamentares”, destacou Pellegrino, para em seguida mandar um recado aos futuros integrantes do PT. “Quem se filiar ao PT virá numa posição ideológica, por opção política e identificação programática. Não usamos nenhuma espécie de cooptação”.

Sobre a campanha para aumentar os quadros do PT, Pellegrino diz que “o objetivo é fortalecer o partido, ampliar a representatividade e consolidar cada vez mais o PT como um grande instrumento para impulsionar as transformações promovidas pelo o governo do presidente Lula”.

Para o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT), esse tipo de campanha é uma tradição no PT. “Nesse contexto, a campanha atualmente tem um reforço e uma expressão maior, tendo em vista os resultados eleitorais de 2002”, destaca Abicalil, ressaltando que o “critério é rigoroso”. Segundo ele, o PT se pauta em primeiro lugar pela análise criteriosa por parte de diretórios e lideranças locais de quem se candidata à filiação, de avaliação do seu histórico político - principalmente se exerceu cargo público anterior -, do seu vínculo com os movimentos sociais, de sua luta pela justiça e pela ausência de suspeitas de desvio administrativo ou político. O segundo critério, ainda segundo Abicalil, é a observância do ideário partidário, seja do programa ou dos estatutos do PT, visto que o partido “tem uma tradição de rigor no cumprimento das resoluções partidárias, no discurso e no debate ampliado no seu interior, de uma unidade de ação imprescindível no governo federal”.

Já o deputado Lindberg Farias (PT-RJ), integrante da chamada ala dos radicais do partido no Congresso, destaca que está preocupado também com “o velho PT das bandeiras históricas” e faz um alerta: “nos critérios dessas filiações devem prevalecer a história do partido, das lutas populares e da militância nas ruas”. Farias afirma que o PT não pode sofrer um processo parecido com o do PSDB, que, quando chegou ao Palácio do Planalto, “inchou demais no país inteiro”.

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