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Protesto impede escoamento de 40 mil toneladas de soja

Marina Miranda / Campo Grande News - 01 de maio de 2006 - 14:35

Pelo menos 16 municípios de Mato Grosso Sul já aderiram ao SOS Campo, que promove protestos, bloqueio de rodovias e fechamento de armazéns no Estado. O movimento começou em Mato Grosso e pretende expor a crise do setor agrícola, além de forçar uma definição do governo federal.

Conforme Maurício Peralta, da Cooagri (Cooperativa Agroindustrial Ltda) - a maior cooperativa do setor no Estado - com o protesto, o escoamento da safra fica prejudicado e pelo menos 40 mil toneladas de soja deixam de embarcar diariamente, um prejuízo de cerca de R$ 19 milhões.

Ele estima que esta semana o produto deve começar a faltar no porto. “É uma cadeia. Cada navio parado representa multa de R$ 105 mil por dia, sem falar no movimento”, observa. “Eles (produtores) foram na veia. Esse é o momento de escoamento da safra. A paralisação causa prejuízo enorme, mas por outro lado não se vê outro jeito”, emenda.

Ele lembra que a cotação internacional da soja não é o problema, mas sim o valor em Reais. “Outro agravante é que quando o produtor plantou, o dólar estava R$ 2,60. Ou seja, ele comprou insumos a R$ 2,60 e agora vende a R$ 2,10. Na última safra, plantou a R$ 3 e colheu a R$ 2,60. Um descasamento da produção com a comercialização há dois anos”.

Hoje o movimento endureceu ao bloquear a BR-163, em São Gabriel D'Oeste por onde passam 6 mil caminhões por dia. A estimativa é que 70% do tráfego da rodovia sejam compostos por veículos de transporte de grãos. O protesto, conforme o sindicato é por tempo indeterminado. Produtores queimaram hoje máquinas agrícolas e promoveram ‘panelaço’.

Em Maracaju, 200 mil toneladas de soja estão retidas nos 13 armazéns da região. A rodovia MS-060, que liga a cidade à Sidrolândia foi fechada durante 1h e deve haver o mesmo movimento no período da tarde. Em Chapadão do Sul, a MS-306 também só permite a passagem de ônibus, carros de passeio e ambulância. Lá o bloqueio não tem hora para acabar.

Conforme Eduardo Ripel, da comissão agrária da Famasul (Federação dos Agricultores de Mato Grosso do Sul), amanhã o movimento pode ganhar ainda mais força. Às 14h a Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas reúne representantes do Estado, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná e Tocantins. “Pretendemos discutir a crise e as propostas para o governo federal para a próxima safra. A medida editada pelo governo não resolve problema da próxima safra. É uma medida pontual”, explica. “Nesse meio tempo as mobilizações vão ganhar consistência”, garante. Quarta-feira é a vez da Famasul reunir os sindicatos do estado para avaliar o manifesto.

Para Carlos Dávalos, operador da Granos Corretora de Grãos, o movimento deve ter um outro direcionamento. “O 1º dia de protesto repercutiu de forma favorável na bolsa de Chigago - ela fechou em alta com 18 pontos. Não foi o único motivo, mas o movimento contribuiu para esta alta”, observa. “Mas em compensação, vários compromissos de contratos terão de ser reavaliados, aqueles com entrega de imediato, uma vez que o movimento está criando corpo em todo o Centro-Oeste e está impedindo momentaneamente os embarques”, constata.

“Mesmo com o mercado em alta, que isso venha a repercutir de modo favorável, de que adianta se o mercado interno não consegue dar fluxo aos negócios, não consegue embarcar, concluir contratos?”, questiona. “Acho que o mercado apóia isso, está voltado para o setor, mas o movimento precisa avaliar a questão do benefício”.

Os municípios envolvidos no movimento em Mato Grosso do Sul são Ponta Porã, Douradina, Amambai, Itaporã, Vicentina, São Gabriel D’Oeste, Maracaju, Bandeirantes, Fátima do Sul, Dourados, Chapadão do Sul, Caarapó, Aral Moreira, Laguna Caarapã, Naviraí e Rio Brilhante.

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