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Palestra de Zeca anima empresários paulistas

Agência Popular - 20 de agosto de 2003 - 16:58

Terminou há pouco em São Paulo, depois de duas horas, a reunião em que o governador Zeca do PT fez uma ampla explanação das potencialidades de Mato Grosso do Sul. O governador conseguiu apoio efetivo dos integrantes da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), para formação de parcerias em investimentos do governo sul-mato-grossense no setor de infra-estrutura.
Entusiasmado com a palestra do governador, o empresário José Augusto Marques, presidente da entidade que representa 10% do PIB nacional, movimenta anualmente 116 bilhões de reais e empregou no ano passado 290 mil pessoas, anunciou que a próxima reunião da diretoria será realizada em Campo Grande, em data ainda a ser agendada. “Levaremos universo da infra-estrutura nacional para discutir e ver como a iniciativa privada poderá participar do programa de investimentos em Mato Grosso do Sul”, afirmou Marques, que se referiu ao Estado como uma “nova locomotiva do desenvolvimento”.
O governador Zeca do PT iniciou sua palestra aos 45 membros da diretoria da entidade demonstrando em números que Mato Grosso do Sul, pela localização e participação na balança comercial brasileira através da exportação dos chamados agronegócios, que contribuem com 47% da carne que vai para o exterior, é o Estado com maior potencial de crescimento, desde que o governo e iniciativa privada se unam para criar as condições básicas em energia e transporte. São iniciativas que, segundo ele, melhorarão as condições de escoamento de produção interna e criarão as rotas bioceânicas, cujos estudos, segundo projeções da BM&F, apontam uma redução de 7.400 quilômetros de extensão entre o Brasil e o mercado asiático, onde há um potencial de consumo estimado em 3 bilhões de pessoas. Para isso, conforme frisou Zeca do PT, é necessário investir na construção e duplicação de estradas na região Centro-Oeste e fazer a ligação asfáltica com o Pacífico através dos países da América do Sul, especialmente Bolívia e Paraguai, que fazem fronteira com o Estado.
“Nós precisamos de uma atenção melhor”, disse Zeca do PT, referindo-se ao fato da região Centro-Oeste, ao contrário de regiões como Nordeste e Norte, não contar atualmente com agências que ajudem a alavancar o desenvolvimento. Entre as obras que precisam ser feitas na região, o governador listou a duplicação da BR-364 (trechos de MS e MT, ligando a São Paulo), a recuperação da rede ferroviária da antiga Noroeste do Brasil, condição essencial para implantação do Trem do Pantanal e uma de suas prioridades, o asfaltamento da BR 262, entre Miranda e Corumbá, a construção e recuperação de portos nas bacias dos Rios Paraná e Paraguai, a implantação do polo siderúrgico nacional em Corumbá e Ladário e gás-químico bi-nacional, na fronteira entre Brasil e Bolívia.
O governador explicou aos empresários que dedicou os últimos quatro anos e meio “à arrumação da casa”, a equação das finanças públicas e a recuperação da credibilidade moral do Estado, através de um rigoroso programa de ajustes já consolidado, mas que agora as prioridades são outras. “Agora chegou a vez dos programas estratégicos de desenvolvimento, como o Programa Pantanal (investimentos da ordem de 400 milhões de dólares para MS e MT), viabilização da rede ferroviária para transporte de passageiros e cargas e a duplicação das rodovias. Venho, com respeito e humildade, dizer aos senhores que Mato Grosso do Sul é o Estado que tem o melhor cenário para firmar parcerias com a iniciativa privada”, disse o governador.
Zeca explicou que esse conjunto de obras prioritárias deverá constar também do Plano Plurianual que o governo federal deverá enviar ao Congresso no próximo dia 27. “É importante que o governo federal tenha tomado as medidas necessárias para ajustar a economia e tranqüilizar os mercados, mas está na hora de investir em infra-estrutura. O presidente Lula está motivado nesse sentido”, disse Zeca, despertando o apoio entusiasmado dos empresários presentes.
Além da próxima reunião da Abdib em Campo Grande, a agenda de relacionamento com o setor, aberta hoje pelo governador e empresários, inclui a elaboração conjunta de um arcabouço jurídico e institucional para viabilizar as parcerias. No caso do gás, o governador informou que estão sendo intensificadas as negociações entre os governos brasileiro e da Bolívia, para discutir a implantação do pólo bi-nacional gás-químico e a redução do preço do gás boliviano no Brasil. Os investimentos previstos para o pólo deverão alcançar cerca de R$ 1,5 bilhão. O governador já pediu à Petrobrás o estudo de viabilidade econômica e o projeto tem a simpatia da ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef e do governo boliviano.
O secretário de Estado de Coordenação Geral do Governo, Paulo Duarte, que acompanhou o governador, junto com o secretário de infra-estrutura, Maurício Arruda, explicou aos empresários que o governo estadual, com recursos próprios, investe mensalmente R$ 10 milhões por mês em infra-estrutura e outros R$ 15 milhões em programas sociais, o que equivale destinar anualmente 20% das receitas próprias de Mato Grosso do Sul para os dois setores. “Esse montante pode ser pequeno para um Estado como São Paulo, mas é considerável para Mato Grosso do Sul”, disse Duarte.
Depois da reunião com os empresários, o governador Zeca do PT disse, em entrevista coletiva, que as finanças do Estado estão saneadas, mas que os ajustes necessários à máquina pública estadual “são um desafio permanente” de seu governo. Explicou que conseguiu recuperar a credibilidade do governo através da modernização do sistema de arrecadação, da retirada do caráter político da gestão pública e da transparência na relação com o empresariado. Segundo ele, foi de fundamental importância nesse processo o trabalho de articulação que comandou junto ao governo federal, tanto na administração anterior quanto agora, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nosso trabalho de saneamento foi reconhecido e aprovado, logo depois de um período em que não se enxergava luz no horizonte”, disse o governador, explicando que para ele, um governante que saiu da área sindical, “foi difícil ter de extinguir empresas e demitir funcionários para ajustar uma máquina pública debilitada”.
Uma das primeiras autoridades nacionais a pregar a parceria com a iniciativa privada, Zeca do PT defendeu a criação e adequação de leis que promovam um relacionamento transparente e tranqüilo com a área empresarial. “As parcerias devem ser claras e honestas”, disse, lembrando que com esses pressupostos conseguiu, no seu primeiro mandato, conquistar confiança e credibilidade com empresários e governantes. O governador admitiu, com humildade, que o abandono em que se encontrava Mato Grosso do Sul em 1998 levou a população a apostar no PT como alternativa para governar. “A população pensou em experimentar. Experimentou e deu certo”, afirmou. Ele destacou que hoje, Mato Grosso do Sul é o Estado com mais investimentos na área social com o carimbo público”.
Zeca do PT revelou aos jornalistas que, a partir de hoje, intensificará a articulação em Brasília para incluir no relatório da Reforma Tributária a manutenção dos incentivos fiscais para a região Centro-Oeste, o objetivo é de manter por mais 15 anos para os contratos já firmados ou em fase de consolidação e mais três anos de transição. “Não se pode confundir incentivos com guerra fiscal”, explicou. Segundo o governador, a região que mais cresce no país não tem atualmente nenhuma alternativa no setor, ao contrário do Nordeste, que conta com a Sudene, e do Norte, com a Sudam. “Nós só temos a produção. Todos os estudos confirmam que os incentivos fiscais atraem investimentos. Vamos brigar por isso”, garantiu.


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