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O coração fala : "Eles e elas, elas e eles!"

Jota Menon, é palmeirense, veterano jornalista de MS, boa praça, bravamente luta contra o câncer sem nunca deixar de lado o seu trabalho. Esse cara é ele!

Jota Menon - 19 de fevereiro de 2022 - 09:54

Eles e elas, elas e eles!

Jota Menon

Eles e elas – isso para não escrever todos e todas, pois odeio essa frase politicamente correta, mas que é redundante, cacofônica e pleonástica – já não me assustam.

Elas e eles adoram fazer terrorismo pra cima da minha cabeça, nesse momento desprovida de meus lindos cabelos que mais se pareciam fios finos de algodão colhidos por catadores honestos - como eu e meus irmãos e minhas irmãs -, que não misturavam casquinhas, maçãs verdes e até pedras no meio das plumas alvas tal e quais bolas de neve.

Eles e elas, apesar de tentarem nos acalmar com as observações que se repetem a cada encontro, e que são plenamente dispensáveis, são pessoas especiais em nossas vidas.

Elas e eles, talvez ajam dessa maneira por que testemunharam, testemunham e testemunharão no decorrer do tempo casos e casos de pessoas iguais a mim, umas com menos agruras ou com mais sofrimentos; outras próximas da desesperança, outras nem aí com seus problemas, mais outras sempre alto astral e apostando em vida longa. Parafraseando o Rei Roberto Carlos: “Esse cara sou!”.

Eles e elas, talvez por viverem conosco os nossos dilemas, ajam assim para nos dispensar carinho e para oferecer um afago, um conforto e solidariedade à nossa luta diária que faz a vida suplantar a morte de tal sorte que a cada amanhecer o abrir de nossos olhos e o nosso espreguiçar representem mais uma batalha vencida.

Elas e eles, nos dispensem tratamentos próximos aos dados para pacientes pediátricos, nos pedindo: “me dê o bracinho”; “abra e feche a mãozinha, “tadinho dele” e assim por diante. É um tratamento que no início estranhei, mas, com o passar do tempo, fui me acostumando e hoje recebo como se fosse um abraço, um afago esse tratamento carinhoso que nos é dedicado a cada vez que precisamos deles ou delas; delas ou deles.

Eles e elas podem continuar nos aterrorizando a cada vez que têm de “pegar uma veia” para injetar um soro ou aplicar uma medicação endovenosa. E a gente até que sente uma dorzinha inexplicável, mas sem condições de mensurá-la em relação aos cortes e marcas de pontos espalhados pelo corpo. É uma dorzinha que acho que a Providência nos impõe sentir a ponto de até nos dar uma “vontadezinha” de gemer para valorizar o cuidado prestimoso deles e delas, delas e deles, mas não o fazemos porque o inconsciente já assimilou a agulhadinha e aí não há mais como sentirmos medo da picadinha da agulha. “É só uma picadinha” nos alertam eles e elas, elas e eles!

Finalizando a prosa, por meio dessa crônica, simples e escrita ontem (16/02/2022) durante o último ciclo de quimioterapia na atual fase do meu tratamento em Barretos (SP), homenageio os enfermeiros e enfermeiras do Brasil e, em especial, os e as de Mato Grosso do Sul e de Campo Grande, através de meu irmão Carlos Menon e de minhas filhas Eva Menon e Paula Menon, profissionais exemplares da Enfermagem que doam suas vidas para salvar as nossas vidas!

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