Geral
Nelson Valente: Porta de escolas:supermercado do tóxico.
Há muitos anos que se denuncia a existência de um supermercado do tóxico na porta das nossas escolas. Baleiros de aparência inocente, muitas vezes, não passam de terríveis traficantes, induzindo os jovens ao vício de triste conseqüência. De uma feita, numa importante escola da zona sul de São Paulo, de cuja direção eu fazia parte, recebi a denúncia de que determinado aluno do ensino médio saía sistematicamente às quintas-feiras, por volta das 10 horas, pretextando doença. Voltava para a porta da escola, em torno de 12 horas, para cumprir o seu triste papel de "avião", trazendo a mercadoria para os seus clientes. É claro que ele foi expulso. Quantos casos desses não estarão acontecendo diariamente em nossos estabelecimentos de ensino? Os pais precisam ser alertados de que devem acompanhar de perto as atividades dos filhos adolescentes. A liberdade excessiva pode conduzir a descaminhos perigosos e até fatais. Existe uma lei antitóxico. Por ela é possível condenar o uso de substância entorpecente ou que determine dependência física ou química. Há medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito, mas nada substitui a ação de pais e professores, no esclarecimento a respeito do que há de nefasto no uso de tais substâncias. Nas grandes cidades brasileiras, vidas são sacrificadas por balas perdidas, o tráfico tornou-se uma atividade quase oficial, tamanha a estrutura hoje existente do que se convencionou chamar de crime organizado. Armas são roubadas para coonestar uma ação que se estende de forma tentacular. Qual a solução para esse quadro dramático? O exercício pleno da autoridade, que se tem omitido de forma lamentável, e uma ampla campanha de esclarecimento nas escolas. De outra forma, estaremos caminhando para o sacrifício de toda uma geração.
(*) é professor universitário, jornalista e escritor
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