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Maria Isabel de Matos Rocha é empossada desembargadora do TJMS

TJMS - 01 de novembro de 2012 - 07:29

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Muito emocionada, a juíza Maria Isabel de Matos Rocha foi empossada desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. A solenidade, realizada no plenário do Tribunal Pleno, reuniu juízes, desembargadores aposentados, advogados, defensores públicos, promotores e procuradores, servidores da justiça, além de muitos amigos e autoridades que prestigiaram o ato.



Em nome da OAB/MS, a secretária-geral Raquel de Paula Magrini Sanches se disse honrada em ser designada para recepcionar a magistrada em nome da classe. “Antes, era inconcebível na mais alta corte de justiça a presença de uma mulher, não só em Mato Grosso do Sul, mas em todo o país. A juíza Maria Isabel não é apenas a quarta mulher a integrar esta corte de justiça, como também é estrangeira. Oxalá este movimento das mulheres crie força para imprimir uma visão feminina em todos os poderes da nação”.



Citando a Desa Marilza Lúcia Fortes, a advogada lembrou de seu legado e ressaltou que Maria Isabel será a nova luz do TJMS, em razão de sua aptidão para suprir a lacuna deixada pela antecessora. “Hoje, a nova desembargadora alça-se à corte estadual em tempos modernos, quando o judiciário sai de uma fase ruborizada para cair nas graças do povo brasileiro. Sabemos que a empossada é dotada de extrema sensibilidade, e basta citar aqui o Projeto Padrinho, reconhecido nacionalmente. A magistratura atual não é só saber formal: é bem atender, ter consciência social, espírito inovador e com essas qualidades, ela enriquecerá este pretório sob uma visão humanística”, concluiu.



Pela Defensoria Pública falou a Corregedora-Geral Auristela Machado Vidal que, em poucas palavras, descreveu as qualidades da nova desembargadora. “Temos certeza que muito contribuirá para o sucesso deste Tribunal de Justiça. É com muito orgulho que a Defensoria Pública de MS a aplaude neste momento. Felicidades”, cumprimentou.



O procurador Mauri Valentim Ricciotti recepcionou a nova desembargadora em nome do Ministério Público e fez discurso recheado de lembranças, já que a juíza trabalhou com ele em Itapira, interior paulista, quando chegou ao Brasil. Ele citou os atributos da Maria Isabel companheira de trabalho, com sua cultura invejável, sem esnobismo, aliado ao profundo conhecimento jurídico, que ganhou a população do interior paulista.



“Como juíza, sempre viu no promotor mais que um ator nos processos. Ela estabeleceu vínculos, juntou forças, fez do seu trabalho uma missão de fé. Estudiosa e sempre plasmada na mais profunda justiça; sempre espalhou generosa porção de carinho às partes e aos servidores. Nela se ressalte a humildade, característica de quem tem amor no que faz. O trabalho com ela é mais leve, com resultados extraordinários. O TJMS e a justiça sul-mato-grossense muito se engrandecerão com sua assunção ao cargo de desembargadora”, citou.



Em nome do Tribunal de Justiça, a Desa Tânia Garcia de Freitas Borges recepcionou a magistrada, lembrando que a Desa Marilza Lúcia Fortes deixou um legado de luta, determinação e dignidade. “Tenho convicção de que esta mesma determinação terá continuidade no trabalho já conhecido da quarta mulher a compor este tribunal, vez que se trata de pessoa culta, discreta, dotada de equilíbrio e de reconhecido saber jurídico, e certamente conduzirá com maestria esta nova e desafiadora missão que a partir de agora se inicia.



Tânia lembrou a trajetória de Maria Isabel, sua valorosa atuação na área da infância, com prêmios reconhecidos nacionalmente. “Este grandioso feito destina-se não propriamente ao engrandecimento da magistratura, mas à concretização de ideias e valores maiores, conectados à realidade social e revela a persistente e incansável atuação de Maria Isabel como agente de transformação. (...) Quando soube de sua promoção, Maria Isabel de Matos Rocha prestou a seguinte declaração: “Meu objetivo é fazer um trabalho à altura da justiça estadual que está muito bem posicionada entre todos os tribunais do país em relação à celeridade e eficiência.” Vê-se, portanto, que não se trata de uma sucessão, mas de continuidade de bons propósitos, inerentes aos grandes magistrados. Esperamos que a investidura em tão honrosa e árdua missão traga-lhe a sensação de dever cumprido e a tranquilidade de julgar, observando, mais do que códigos e normas legais, por vezes, obsoletas, a tão almejada dignidade da pessoa humana, depositada em suas mãos a partir desse honroso momento, pois a vida de um magistrado se harmoniza com as suas decisões. E ele será julgado por sua jurisprudência! Por seu reconhecido desempenho, Desa Maria Isabel de Matos Rocha, temos certeza que a sua trilha será calçada na manutenção do equilíbrio e na magnitude em busca da tão sonhada Justiça. Seja muito bem-vinda!”.



Ao discursar, a nova desembargadora agradeceu as palavras generosas dos que a receberam e confessou ser difícil dizer algumas palavras para reafirmar o compromisso assumido com a magistratura, quando ingressou na carreira.



“Com o maior acesso à justiça, veio a necessidade de uma justiça mais ágil. E o Poder Judiciário deste Estado se modernizou (...) e agora exige um novo perfil de juiz. Além de conhecer o Direito, terá de interagir com as pessoas. Terá de ser um pouco psicólogo, sociólogo, antropólogo, advogado. Precisará o juiz do século 21 exercitar a transparência do seu trabalho, que deve expor à mídia, pois a sociedade tem o direito de ser informada. (...) São habilidades e posturas exigidas do juiz pós-moderno, que deve ter em sua bagagem muito mais que códigos e leis. E a principal companheira de caminhada é a crença nas instituições e na justiça”.



Citando Rubem Alves, Guimarães Rosa e o escritor moçambicano Mia Couto, Maria Isabel garantiu que os direitos mais pungentes são os das crianças. “às vezes um homem quer recusar-se a comover-se. Mas como passar ao largo do olhar sofrido das crianças que tiveram a infância roubada? Juízes da infância não desviam o olhar, porque são eles que têm de abrir portas para estas crianças. (...) E este juiz tem que agir rápido, pois é efêmera a infância e também efêmero o tempo fugidio de decidir a vida de crianças”.



Ao final, ela lembrou que o chamado agora é para fazer parte do Tribunal, onde a resposta será construída pelo exercício do diálogo e da humildade. “É o momento de dizer palavras de agradecimento, a cada servidor que a meu lado trabalhou. Impossível agradecer a tantos psicólogos e assistentes sociais, quer os que atuam no Poder Judiciário como tantos outros incansáveis e dedicados das secretarias estadual e municipal. (...) Meu muito obrigada às pessoas da sociedade civil, que apoiaram as crianças. (...) A cada promotor, defensor e advogado, agradeço a parceria leal e respeitosa. (...) Quero cumprimentar os colegas magistrados na pessoa do juiz Olivar Coneglian, incansável presidente da AMAMSUL, que renova nossas esperanças na valorização da magistratura e o Des. Joenildo de Sousa Chaves, por seu olhar em defesa dos direitos da infância. E chego ao final para envolver no mesmo abraço apertado os meus mais queridos. (...) A gratidão maior é para minha mãe, que tudo meu deu e a quem nada dei. E a saudade imensa para meu pai, que tão cedo partiu, mas foi capaz de deixar, no lugar que era para ser o mais cruel vazio, a lembrança do seu sorriso largo e das canções cantadas em viagens pelas poeirentas estradas de Moçambique. Canções que ainda hoje embalam lembranças da criança feliz que fui, graças a eles. Fernando Sabino disse o seguinte: De tudo ficam três coisas: a certeza de que estaremos sempre começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que sermos interrompidos antes de terminar. O meu desejo é que, neste meio tempo, seja eu capaz de honrar o cargo que vou ocupar”.

Autoria do Texto:
Secretaria de Comunicação Social - [email protected]

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