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Leite: Aumento das exportações beneficia produtor de MS
Os números divulgados pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) sobre o aumento das exportações dos produtos lácteos de 23,9% em relação ao mesmo período do ano passado beneficiam também o Mato Grosso do Sul, conforme explicou a assessora de economia da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Adriana Mascarenhas Braga.
"Por mais que o Estado não exporte diretamente produtos lácteos para outros países, vendemos o produto para os estados responsáveis por boa parte das exportações como São Paulo e Paraná", comenta a assessora.
Conforme a análise da economista, a queda dos preços conseqüentes do período de safra podem ser amenizadas com o aumento das exportações. Segundo a assessora, o preço pelo litro para o produtor geralmente cai quando chega a época de safra, mas com o aumento das exportações de produtos lácteos isso pode não acontecer.
O Brasil exportou o equivalente a 3,94 mil toneladas de produtos lácteos em setembro, o que representa crescimento de 23,9% sobre as remessas de 3,18 mil toneladas de lácteos registradas em igual período do ano passado. "Em julho, agosto e setembro, as exportações de lácteos aumentaram mais de 20% na comparação com os mesmos meses do ano passado", destaca o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite (CNPL) da CNA, Rodrigo SantAnna Alvim. O setor lácteo também registrou forte queda das importações e leve recuo da produção interna nos últimos meses. Dentro desse cenário, não há espaço para a queda dos preços pagos ao produtor, diz Alvim.
No acumulado entre janeiro e setembro, as exportações de lácteos somam 26,95 mil toneladas, volume 3,1% inferior às 27,81 mil toneladas remetidas ao Exterior nos primeiros nove meses de 2002. As exportações de lácteos registradas no mês passado renderam US$ 3,9 milhões ao País, e no acumulado entre janeiro e setembro, a soma obtida com as remessas de lácteos alcança US$ 28 milhões.
Queda nas importações
Ao mesmo tempo em que aumentam as exportações de lácteos, consolida-se tendência de queda das importações. Em setembro, o Brasil comprou no mercado internacional o equivalente a 7,14 mil toneladas de produtos lácteos, ou seja, 46,8% a menos que as 13,42 mil toneladas importadas em setembro do ano passado. Nos primeiros nove meses deste ano, as importações de lácteos somam 63,59 mil toneladas, portanto 61,8% a menos que as 166,50 mil toneladas adquiridas no Exterior em igual período de 2002.
Rodrigo Alvim ressalta que a manutenção dos altos preços internacionais dos produtos lácteos inibe as importações. A tonelada de leite em pó está sendo negociada, no mercado europeu, entre US$ 1,8 mil e US$ 2 mil; e entre US$ 1,7 mil e 1,8 mil, no mercado asiático. No primeiro semestre, a tonelada do leite em pó chegava a ser negociada por menos de US$ 1,7 mil, em patamar que já restringia as importações.
Segundo análise da CNPL, ainda é viável que a produção total de leite cresça até 4% em 2003, na comparação com os 20,4 bilhões de litros registrados no ano passado. Para haver aumento de oferta de leite, porém, é indispensável que o produtor seja melhor remunerado, alerta Alvim. O presidente da CNPL/CNA está preocupado com a repetição do mesmo quadro pelo qual passaram os pecuaristas de leite em 2001, quando a redução dos preços pagos ao setor teve início em pleno período de entressafra, com conseqüente desestímulo à produção.
Hoje, no Estado, as indústrias estão pagando aos produtores R$ 0,45 pelo litro de leite. O valor está estabilizado há alguns meses, e conforme a assessora, o preço tende a ser o mesmo no período da safra com as exportação em alta. "O que as indústrias alegam é um excedente, mas se a exportação aumenta, o País enxuga o excedente, não justificando o posicionamento",