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Imigrantes tchecos fundaram cidades em MS

APn - 02 de outubro de 2003 - 16:06

Os laços culturais entre o Mato Grosso do Sul e a República Tcheca são mais fortes do que muita gente supõe. Os imigrantes daquele país foram responsáveis pelo desenvolvimento de parte da região leste do Estado e deixaram um legado que, além das danças e trajes típicos, estende-se pela lingüística e até mesmo pela fundação de municípios.

A história de proximidade entre o que é hoje MS e os tchecos começa na década de 20 quando o tcheco Jan Bata, passou a ocupar as terras da Companhia de Viação São Paulo Mato Grosso, na região de Bataguassu. Em 1953, o projeto de colonização do filho de Bata, Jan Antonin, tem início para resultar, 10 anos depois, na criação do município de Batayporã.

O próprio nome da cidade já se encarrega de resumir o propósito de interação entre os imigrantes tchecos e os moradores da região. “Bata” é o sobrenome do pioneiro, “y” significa água e “porã”, bonito/a, em guarani. O vocábulo Batayporã, por aglutinação dos idiomas eslavo e indígena, significa algo como a “bela água do Bata”. Já Bataguassu teria “nascido” lingüisticamente como Bata y guazu , ou “a água grande do Bata”.

Prefeito tcheco - As curiosidades não se resumem ao campo lingüístico. Em 1973, Batayporã passa a ter um prefeito tcheco. Jindrich Trachta foi candidato único e obteve 80% dos votos para administrar o município.

A trajetória de Trachta é similar a de muitos cidadãos do leste europeu que imigraram para a América. Primeiro, enfrentou a perseguição dos alemães, que invadiram a Tchecoslováquia durante a Segunda Guerra Mundial, depois escapou dos bombardeios das esquadrilhas aliadas que expulsaram os nazistas do território tcheco. No pós-guerra, emigrou de seu país, quando este passou a integrar a zona de influência da União Soviética. Primeiro, foi parar em um campo de refugiados administrado pelos norte-americanos na porção ocidental da recém-dividida Alemanha.

Ele chegou ao Brasil em 1949, passou alguns meses aprendendo português no Rio de Janeiro. Conheceu Jan Bata em maio do ano seguinte e, a convite deste, acabou chegando à região de Bataguassu, como piloto de chatas que transportavam toras pelo rio Paraná entre SP e o então Mato Grosso. Em 1954, mudou-se para a região de Batayporã, onde passou a gerir o novo projeto de colonização. Em 1963, a então fazenda Samambaia é emancipada à condição de município. Em 1969, Trachta consegue a cidadania brasileira para, em 1973, se tornar prefeito do município que ajudou a fundar.

Resgate da História - Disponibilizar informações sobre a influência dos tchecos em Bataguassu e Batayporã e a preservação da memória destes pioneiros são os objetivos de uma fundação dirigida pelos descendentes eslavos que leva o nome de Jindrich Trachta.

A fundação trabalha para erguer em Batayporã um museu para a exposição de todo o material relativo à cultura tcheca na região – de trajes típicos a documentos.

Mas não é preciso ir até a região leste do Estado para conhecer um pouco mais sobre os pioneiros tchecos em Mato Grosso do Sul. O site da Fundação Jindrich Trachta (http://www.invizza.com/trachta) conta a história da chegada dos tchecos e detalha a trajetória de personagens como Bata e Trachta. Além disso, está disponível para download um vasto material fotográfico sobre a presença tcheca no Mato Grosso do Sul.

Graciliano Rocha - Seplanct

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