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Guiné-Bissau: Presidente é assassinado por militares

Portal Terra - 02 de março de 2009 - 08:48

O presidente de Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, foi assassinado por um grupo de soldados nesta segunda-feira após a morte no domingo em um atentado com explosivos do chefe do Estado-Maior do Exército, general Tagmé Na Wai, informou a Rádio França Internacional, que citou fontes diplomáticas.

Desde a madrugada, um forte dispositivo militar rodeava a sede da presidência da Guiné-Bissau, enquanto eram registrados tiroteios na capital, após o atentado que matou Na Wai, segundo emissoras regionais de rádio. Os tiroteios começaram em diferentes pontos do país, após o atentado e prosseguiram até a madrugada.

A maior parte dos moradores ficou em casa, e não estava claro quem controlaria o país. "A morte do chefe de Estado João Bernardo Vieira está confirmada. Sua mulher está na embaixada angolana", disse Sandji Fati, um coronel aposentado do exército. "Nino Vieira recusou-se a deixar sua residência quando diplomatas da embaixada angolana foram apanhá-lo e à sua mulher para um local seguro", afirmou Fati.

Fontes ligadas à área de segurança conformaram a morte do presidente, e dois moradores de Bissau que vivem perto de sua casa afirmaram ter sido informados por guardas presidenciais que Vieira havia sido morto ali. Já o atentado que causou a morte ontem à noite do general Na Wai foi realizado com uma bomba colocada na sede do Estado-Maior do exército, que também deixou cinco feridos, entre eles dois graves, ao mesmo tempo em que derrubou parte do prédio.

Reunião de governo
Por sua parte, o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, havia convocado para hoje uma reunião urgente do governo e anunciado a criação de um comitê de crise para enfrentar a situação, após o atentado do domingo e antes de saber da morte do presidente Vieira. Na Wai denunciou em janeiro um atentado frustrado do qual responsabilizou membros da guarda do presidente, que disse que abriram fogo durante a passagem de seu veículo diante do Palácio Presidencial.

Em 23 de novembro de 2008 um grupo de militares atacou à noite a residência do presidente Vieira, deixando um saldo de dois mortos. Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo e, desde que obteve a independência de Portugal em 1974, sofreu vários golpes de Estado. Nos últimos anos, Guiné-Bissau, que tem 1,6 milhões de habitantes, se transformou em centro da rota do tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa e altos cargos do governo e chefes militares foram acusados de participar deste negócio ilegal.

Choque de poderes
Vieira é um ex-militar que governou o país até ser deposto em uma guerra civil na década de 1990. Ele retornou ao poder em uma eleição em 2005. O presidente vinha entrando em choque com o chefe das forças armadas, general Batista Tagme Na Wai, que foi morto em um ataque na noite de domingo que também destruiu parte do quartel-general das forças armadas.

"Na noite passada, o chefe do Estado-Maior foi morto, e o presidente foi morto nesta manhã enquanto tentava deixar sua casa. Sua casa foi atacada por um grupo de militares", disse uma autoridade do bloco regional da África ocidental, Ecowas, que pediu para não ser identificado. Uma fonte de segurança disse que soldados da etnia balante, a mesma de Tagme Na Wai, lideraram o ataque a Vieira, e saquearam sua casa.

"Tagme sempre disse que seu destino e o do presidente estavam ligados. E que, se ele morresse, o presidente também morreria", disse a fonte. Portugal condenou ambos os ataques em um comunicado e fez um apelo para "o total respeito à ordem constitucional no país".

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