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Franceses alertam para prejuízos com transgênicos
O Brasil pode perder mercado se optar pela liberação de produtos transgênicos. O alerta foi dado hoje por técnicos franceses que participaram do Seminário Internacional Transgênicos: Embates Atuais na Câmara Federal. De acordo com os palestrantes não há evidências de vantagens comerciais significativas na produção de produtos geneticamente modificados.
Os técnicos franceses, parlamentares, representantes do Governo Federal e cientistas estrangeiros participaram durante todo o dia de ontem de debates sobre a Medida Provisória 131/03, que libera o plantio da soja transgênica. Produtividade, mercado nacional e internacional, vantagens e desvantagens dos produtos geneticamente modificados foram discutidas durante o seminário.
Os cientistas estrangeiros se declararam contra os alimentos transgênicos. O pesquisador francês, Jacques Tistard, defendeu maior rigor na avaliação dos impactos dos produtos para a saúde humana e o meio ambiente. O representante da União Européia, Thierry Dudermel, afirmou que uma pesquisa recente revelou que 86% dos europeus preferem a soja tradicional. Ele informou que a União Européia decidiu recentemente que os produtos geneticamente modificados só serão aceitos, se houver garantia de proteção a saúde humana e ao meio ambiente e for mantida a liberdade de escolha do consumidor por meio da rotulagem.
MERCADO
O presidente da Cooperativa de Produtores Franceses Terrena, Jean-Yves Griot, garantiu que o Brasil perderá mercado, se optar pela liberação da soja transgênica, e sugeriu que o governo reveja a medida provisória que liberou a semeadura do produto geneticamente modificado. Segundo ele, a cooperativa francesa compra 300 mil toneladas de soja do Paraná por ano e, no caso do produto ser geneticamente modificado, esta importação será muito mais criteriosa ou até mesmo poderá ser suspensa. Griot disse que a Europa passou a comprar a soja brasileira depois que os Estados Unidos passaram a produzir soja transgênica.
PESQUISAS
O professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná, Victor Pelaz, apresentou pesquisas realizadas nos Estados Unidos e na Argentina que demonstram dois pontos negativos na produção de transgênicos: maior resistência de bactérias e das ervas daninhas e, consequentemente, maior utilização de herbicidas.
"Já há indicações que alguns estados norte-americanos chegam a utilizar até 60% a mais com a soja resistente ao herbicida glicosado em relação ao convencional. No caso da Argentina, pesquisa realizada em 2001 vai mostrar que esse aumento de herbicida é de até 100%".
Uma das participações mais esperadas no Seminário Internacional, a do representante da Empresa Monsanto, dona da patente mundial da soja transgênica, Rodrigo Almeida, não aconteceu. Ele alegou atraso nos debates e não fez a sua palestra.
Reportagem Liz Elaine Lôbo
Edição - Paulo Cesar Santos