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Extrato vegetal pode ser base para desfibrilador
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) verificaram que a catuama - composto de catuaba, mairapuama, guaraná e gengibre vendido em farmácias como estimulante sexual - tem uma substância que inibe a fibrilação do músculo do coração e normaliza o ritmo cardíaco. A descoberta será o ponto de partida para o desenvolvimento de drogas injetáveis que poderão substituir os desfibriladores, aparelhos que regularizam os batimentos cardíacos por meio de choques elétricos.
O componente da catuama que controla a fibrilação já foi isolado em laboratório. O próximo passo da pesquisa será a separação da molécula que causa a desfibrilação e o estudo dos efeitos preventivos necessários para a produção da nova droga. Segundo o coordenador do estudo, professor Irineu Tadeu Velasco, a criação do medicamento injetável levará cerca de sete anos para a conclusão.
O efeito desfibrilador da catuama foi descoberto quase que por acaso. O laboratório que produz o extrato vegetal queria saber se o composto poderia ser utilizado por idosos sem alterar a contratilidade miocárdica. Os pesquisadores testaram o produto em corações de ratos e coelhos, que tiveram as coronárias amarradas para produzir infarto e impedir a contração do músculo cardíaco, e se surpreenderam com resultado dos testes. Normalmente, o procedimento causa fibrilação ventricular em 30% dos corações usados em experiências. Mas em contato com a catuama, os músculos cardíacos desfibrilaram, explica Velasco.
De acordo com ele, o risco de morte por desfibrilação é maior em pessoas jovens que já tenham sofrido infarto ou qualquer outra lesão cardiovascular, pois a circulação colateral é menos desenvolvida. Durante a fibrilação, o coração vibra, mas não consegue bombear o sangue para irrigar os tecidos do organismo, sendo necessário a aplicação de choque elétrico para controlar a vibração e retomar o processo de contração. (Agência USP de Notícias)