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Geral

Estudantes reivindicam "auxílio-permanência”

Vinicius Konchinski , ABr - 17 de março de 2009 - 08:27

São Paulo - A democratização do acesso ao ensino superior é citada por quase todos os bolsistas e especialistas em educação como o maior avanço trazido pelo Programa Universidade para Todos (ProUni).


Desde 2005, mais de 430 mil estudantes de escolas públicas e renda familiar per capita inferior a três salários mínimos ingressaram em uma universidade privada por meio do programa, e todos os entrevistados pela Agência Brasil demonstram satisfação pelo resultado. Entretanto, eles também têm sugestões de melhorias para o ProUni. A principal delas é a criação de um “auxílio-permanência” para os universitários bolsistas.

Segundo a presidente da União Nacional do Estudantes (UNE), Lucia Stumpf, muitos estudantes que conseguem uma bolsa de estudos por meio do ProUni acabam não concluindo o curso, pois não têm condições de arcar com custos de transporte, alimentação ou com a compra de livros e materiais.

“Mesmo conseguindo uma bolsa integral, na mensalidade, o estudante da periferia não consegue pagar sua condução, um lanche na cantina que é caro. Ele precisa de um apoio, uma bolsa capaz de subsidiar, não só a mensalidade, mas também a sua condução e alimentação”, disse.

A bolsista recém-formada, Camila Correia dos Santos, 25 anos, confirma a dificuldade dos bolsistas em se manter na universidade. Durante os quatro anos em que cursou Odontologia na Universidade Paulista (Unip), ela pagou o transporte e os de R$ 10 mil em equipamentos odontológicos com o que ganhou como operadora de telemarketing e com a ajuda da mãe.

“Minha mãe me ajudou muito. Ela vendia tempero, feijoada, tudo para me ajudar a pagar a faculdade”, lembra ela, que conseguiu subsídio de 100% das mensalidades do curso. “Uma ajuda seria importante. Se tivesse conseguido, poderia não ter passado por vários sofrimentos.”

Bruno Silva, 21 anos, bolsista no curso de Jornalismo, pede a redução da burocracia. De acordo com ele, muitos estudantes que cumprem os requisitos para conseguirem as bolsas acabam não sendo contemplados, pois não apresentam os documentos exigidos pelo governo federal. “Muitas vezes, sobraram bolsas por causa da burocracia”, disse.


Já a pesquisadora Leda Maria de Oliveira Rodrigues, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pede mudanças mais profundas. Para a pesquisadora, o ProUni acaba priorizando o ensino superior privado e deixa de lado o público. “O Prouni é tampar o Sol com a peneira. Porque não investir na escola e na universidade pública?”

A secretária do Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), Maria Paula Bucci, defende o programa e diz que ele atende a um público muito específico e estratégico. Quanto a auxílio-permanência, ela afirmou que o MEC estuda formas de evitar a evasão dos bolsistas. Uma delas é aumentar o número de estágios remunerados oferecidos pelas próprias universidades.


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