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Ensino médio deve se tornar obrigatório a partir de 2004
Para a diretora de Ensino Médio do MEC, Marize Ramos, o setor é atualmente o mais prejudicado dentre aqueles que compõem o sistema brasileiro, porque há falta de investimentos e políticas direcionadas nos últimos anos. Ela concorda que o ensino fundamental tenha recebido mais atenção. O poder público investiu mais no ensino fundamental por ser obrigatório e também no ensino superior, que sempre teve uma política própria. O ensino médio ficou no meio, não possui recursos ou fontes vinculadas, como a previsão constitucional de investimentos no ensino fundamental. É de responsabilidade dos estados e nunca foi prioridade, lembra a diretora.
Segundo ela, a experiência dos alunos nessa etapa é um aspecto muito importante e a falta de coerência entre o currículo médio e as características comuns dos jovens deve ser observada. É preciso combater a falta de interesse que os jovens têm pela organização escolar tradicional, alerta.
Outros pontos de destaque são as condições de ensino e qualidade das escolas, além da formação dos professores. Tem que estar bem-preparado para ensinar e também para lidar com a cultura juvenil, para evitar conflito com os valores juvenis, disse.
Para combater os números da repetência, a diretora sugere que identificar os problemas deve ser o primeiro passo. Depois, é preciso elaborar um plano para superar deficiências. A escola deve saber que o aluno tem uma cultura própria, que não pode ser ignorada. Deve estar preparada para compreender a fase de conflito dos alunos, desenvolver um processo de avaliação formativa e identificar as dificuldades de aprendizagem.
De acordo com ela, o MEC estará implantando, já em 2004, uma política contundente de apoio, que passa pela obrigatoriedade do Ensino Médio. Chegou a hora de cuidar do ensino médio. Existe demanda e a pressão é grande. Determinar a obrigatoriedade do ensino pode ser um dos caminhos. Estamos elaborando um decreto que, a partir de janeiro de 2004, torne possível cobrar o Ensino Médio para faixa etária regular de 14 a 16 anos, revela.
Um pacote de medidas também vai dar suporte no fortalecimento da educação. Com a futura aprovação do Fundo Nacional da Educação Básica (FUNDEB), recursos, antes exclusivos do ensino fundamental, poderão ser divididos com os adolescentes, explica. Os professores também vão ganhar atenção por meio do Programa Brasileiro de Apoio ao Educador do Ensino Médio (PROBEEM). E não só eles, mas também os alunos, com a criação da Poupança-escola, incentivo previsto pela Secretaria de Inclusão Educacional que prevê uma bolsa de R$ 240 aluno/ano para manter o interesse do adolescente pela escola.