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Em MS, 85% das empresas apontam queda nas vendas durante pandemia de coronavírus

Pesquisa da Fecomércio apontou ‘aumentos pontuais’ nos negócios e monitorou comportamento de consumidores, que ainda demonstram cautela

Midiamax - 09 de maio de 2020 - 11:20

Em MS, 85% das empresas apontam queda nas vendas durante pandemia de coronavírus

O período de pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tem sido sacrificante para a sociedade como um todo, contudo, as reclamações causam mais polêmicas quando focadas na economia –alvo, por exemplo, de diversos comentários preocupados do presidente Jair Bolsonaro. Em Mato Grosso do Sul, em média, 85% dos empresários do setor de comércio e serviços apontou perdas nas vendas, mas, ao mesmo tempo, prometem levar adiante o “aprendizado” do período, mantendo algumas das práticas adotadas agora no futuro de suas empresas.

Os dados constam em pesquisa realizada pela Fecomércio-MS (Federação do Comércio de Mato Grosso do Sul) em diferentes regiões do Estado, a fim de medir a percepção de empresários e consumidores sobre a pandemia. Em alguns casos, foram identificadas melhoras pontuais e até mesmo alta nos negócios, diante de consumidores que apontam queda nos rendimentos e que estão reticentes em retomar o padrão de consumo.

Conforme o estudo da Fecomércio-MS, enquanto a percepção de perigo sobre os efeitos do coronavírus entre os empresários caiu entre 19 de março e 24 de abril, seguiu de forma oposta entre os consumidores, que se mostram mais temerosos com o futuro.

Em uma escala de 1 (“nada de medo”) a 5 (“muito medo”), o total de empresários mais preocupados caiu de 50% para 44% no período, ainda muito superior ao dos compradores, que subiu de 32% para 34%. Em geral, a federação aponta que os empresários têm maios receio que os consumidores, o que estaria relacionada à sobrevivência dos negócios, sobretudo para micro e pequenas empresas.

Realizada por regiões, a pesquisa também questionou os empresários se houve variações nas vendas. Em todas as quatro áreas pesquisadas (Centro-Norte, Leste, Pantanais e Sudoeste), houve redução que, em média, foi de 85% –variando de 72% no Leste a 93% no Sudoeste. No Centro, que inclui Campo Grande, a variação foi de 87%.

A pesquisa ainda apontou que, em média, 8% dos empresários não registraram variações significativas nas suas vendas (9% na Capital), enquanto, para 7%, houve aumento nos negócios –percentual que foi de 3% no Sudoeste e 4% na Capital para 12% no Leste.

Dois setores entre os consultados mostraram destaque: o de Beleza e o de Nutrição e Saúde. No primeiro, em que pese o apontamento de 80% dos empresários de que houve redução nas vendas, 5% não viram diferença no movimento e 15% apontam aumento.

Já em Nutrição e Saúde, a redução nos negócios atingiu 60% dos empresários, enquanto 15% acusaram alta nas vendas e 25% não apontaram altas representativas.

Abismo

Por outro lado, a movimentação em outros segmentos de comércio e serviços despencou durante a pandemia. Lojistas do setor de roupas, sapatos e acessórios informaram redução de 95% na sua movimentação, enquanto 5% veem o movimento igual ao período anterior da pandemia.

No setor de hotéis e eventos, o tombo atingiu 92% dos entrevistados, com 8% eles relatando quadro igual ao pré-pandêmico. Já o setor de restaurantes e similares viu 92% dos empresários ouvidos falarem em redução nas vendas. Para 8%, houve aumento.

Até mesmo setores que aparentavam um bom momento, diante das filas de clientes, indicam queda nas vendas. Entre empresários do setor de supermercados e similares, 80% relatam redução nos negócios; 10% veem um cenário igual a antes da pandemia e a mesma proporção relata aumento nas vendas.

Em suma, a Fecomércio viu quedas mais profundas nos setores de Moda e Turismo, com aumentos pontuais na Beleza, Nutrição, Saúde e Supermercadista.

Como vender

Para a persistência do empresário, é preciso que o consumidor faça as honras e prestigie os estabelecimentos. Entre esses, porém, o momento também é de ajustes, conforme a pesquisa da Fecomércio. Dentre os entrevistados, 48% relatou redução na renda, enquanto 52% manteve seus rendimentos.

Apesar disso, 70% dos participantes relatou não precisar do auxílio emergencial do Governo Federal (que prevê pagamentos de R$ 600 a R$ 1,2 mil para famílias prejudicadas pela pandemia).

Enquanto 17% disseram que pretendem manter o nível de consumo, 77% admitem rever o volume de gastos.

Ao menos nas respostas –contrastando com cenários de ruas cheias–, 71% dos entrevistados disseram sair de casa apenas para atividades básicas, como ir ao supermercado, farmácia ou médico, com 9% adotando o isolamento total e não saindo de casa. E 20% admitiram que mantêm a rotina, saindo de casa normalmente.

As compras, porém, seguem o padrão: 80% das respostas indicaram prioridade ao comércio local, mesmo que à distância. Contudo, 39% dos clientes relataram aderirem aos canais virtuais (como compras na internet ou via aplicativos) e 49% relataram comprar por voucher (compras futuras). O total supera os 100% porque mais de uma resposta foi dada por cada entrevistado.

“A desaceleração dos mercados está causando mudanças nas relações comerciais que podem deixar legados positivos para a forma como o consumo vai acontecer no futuro, de forma mais consciente e tendo como base novos padrões de valores, tanto para as empresas quanto para os consumidores”, avaliou a analista do Sebrae-MS, Vanessa Schmidt, acerca dos números.

A maioria dos empresários (71%) adotou alterações nos canais de venda e 54% pretende manter as medidas no pós-pandemia.

“No que diz respeito ao consumidor chama atenção o fato de que eles ainda estão com medo, mesmo que tenha se amenizado essa sensação, ainda há efeitos”, pontuou a economista Daniela Dias, da Fecomércio-MS. “As relações sociais vão mudar, as relações de trabalho e as relações de consumo. O empresário vai precisar observar o novo padrão de comportamento do mercado e os novos padrões de valor do seu cliente e se adequar”, reiterou Vanessa.

O que vem por aí

Passada a pandemia, 40% dos consumidores entrevistados ainda pretende se manter em casa o máximo de tempo possível, enquanto 48% pretende frequentar apenas alguns lugares até se sentir seguro para voltar a sair. Por fim, 12% disseram que voltarão a frequentar locais normalmente –conforme a pesquisa, a sensação de segurança exigirá mais trabalho dos vendedores na região da Capital (Centro-Norte).

Já dentre os empresários, a maioria (42%) prevê que o cenário para os próximos 3 meses ainda é incerto, não sabendo o que esperar, enquanto outros 36% consideram que o período será difícil e acreditam que as restrições vigentes até aqui devem ser mantidas. Para 22%, há otimismo: espera-se que tudo volte ao normal em breve.

A grande maioria, formada por 88%, ainda considera que a economia será profundamente impactada pelo coronavírus, havendo uma recuperação lenta. Para 11%, porém, o impacto econômico terá recuperação rápida assim que tudo voltar à normalidade. Apenas 0,5% não acredita em um impacto econômico significativo.

Em relação à abertura do comércio, a retomada mediante medidas preventivas e que evitem aglomerações são apoiadas por 68% dos entrevistados. Para 20%, contudo, a medida só poderia ser seguida depois de passado os riscos e a pandemia fosse controlada; e 11% considera que a reabertura pode ocorrer, já que a pandemia está controlada em Mato Grosso do Sul –que registrou 11 mortes e 326 casos até 8 de maio.

A pesquisa do IPF (Instituto de Pesquisas da Fecomércio) foi realizada em duas etapas: com consumidores, foram 1.717 questionários aplicados de 6 a 27 de abril, por telefone, com margem de erro de 5%; e com 217 empresários entre 15 e 22 de abril, com margem de erro de 6,5%. A pesquisa foi realizada em 18 municípios do Estado.

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