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Delcídio diz que orçamento dá para combater a crise
O senador Delcídio do Amaral (PT/MS) acredita que o governo terá que lançar mão de instrumentos previstos no Orçamento de 2009 para reverter a recessão e estimular a economia, como forma de vencer a crise que provocou uma redução de 3,6 % no Produto Interno Bruto-PIB do último trimestre do ano passado.
Baixar os juros em patamares significativos é uma medida importante, mas sozinha ela não vai ser suficiente para fazer o país voltar a crescer nos níveis em que vinha crescendo até setembro do ano passado. É preciso reduzir as despesas de custeio da máquina pública, preservar os programas sociais e direcionar recursos para investimentos em obras, como vem fazendo os Estados Unidos e os países da Ásia e da Europa. O Orçamento da União de 2009 foi elaborado com essa preocupação e reúne os instrumentos necessários às adequações, afirmou Delcídio, que é vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos-CAE do Senado e foi o relator-geral do Orçamento de 2009.
O relator citou várias alternativas que estão à disposição do governo.
É possível adiar a realização de concursos públicos para a contratação de pessoal e alongar os prazos de reajuste salarial do funcionalismo, caso a arrecadação continue a cair significativamente. Outra alternativa é reduzir o superávit primário e lançar mão de mecanismos existentes no Orçamento que permitem ao Ministério do Planejamento direcionar verbas para investimentos em setores que geram muitos empregos, como a construção civil, por exemplo.
Delcídio disse que é preciso também melhorar o arcabouço regulatório e estimular, no Congresso Nacional, o debate de projetos que resultem no ingresso de novos investimentos produtivos no país.
A legislação brasileira, mesmo com todas os avanços dos últimos anos, ainda contém entraves que dificultam investimentos em grandes projetos de infraestrutura. Várias empresas nacionais e internacionais querem investir na construção de portos, aeroportos, estradas, geração e distribuição de energia, mas não se sentem seguras em função de dúvidas relacionadas ao retorno desses investimentos. Precisamos reverter isso rapidamente, defendeu o senador.
Repatriação
O vice-presidente da CAE acredita que a redução da atividade econômica, comprovada pela queda do PIB, vai acelerar o debate sobre o projeto, apresentado por ele no Congresso no final do ano passado, que propõe a repatriação dos recursos que deixaram o país durante as crises econômicas das últimas três décadas. A proposta prevê a concessão de incentivos fiscais para regularização de ativos não declarados no exterior e também para a atualização do valor de bens declarados no passado. O projeto possibilita, ainda, a abertura no Brasil de conta corrente em dólar.
A proposta prevê que os brasileiros que tiverem bens ou direitos no exterior e quiserem repatriá-los poderão fazê-lo pagando apenas 8% de imposto de Renda . Se optarem por aplicar os recursos em cotas de fundos de investimento dedicados ao financiamento de projetos de infra-estrutura, a alíquota cairá para 4%. No caso das pessoas jurídicas que possuírem bens no exterior, mas cuja existência nunca foi declarada à Receita Federal, a proposta prevê o pagamento de 10% de IR e de 8% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Estudos do governo apontam que o projeto de Delcídio pode reintroduzir na economia brasileira de US$ 65 a US$ 70 bilhões.
Nesse momento de crise, que ninguém pode prever quanto tempo vai durar, permitir a volta de valores tão significativos é, sem dúvida alguma, uma alternativa para se combater a recessão, estimular novos investimentos, ampliar o volume de dinheiro em circulação e ajudar o Brasil a retomar o crescimento que precisa para melhorar a renda dos trabalhadores e gerar empregos em número compatível com a quantidade de pessoas que anualmente, batem às portas do mercado de trabalho, defende o senador.