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Crédito suplementar deve solucionar crise na PF
Brasília - O ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, disse hoje que foi pedido um crédito suplementar de R$ 100 milhões para solucionar a crise financeira da Polícia Federal. Segundo o ministro, o pedido já está no ministério do Planejamento e será encaminhado ao Congresso Nacional.
Bastos não revelou quando o dinheiro será liberado, mas garantiu que os recursos chegarão a tempo de evitar que qualquer serviço da Polícia Federal seja prejudicado. Ele disse ter conversado sobre o assunto com o presidente da República: "A questão já está encaminhada e não haverá perecimento de dados ou comprometimento de qualquer das atividades da Polícia Federal, afirmou o ministro.
Thomas Bastos justificou as dificuldades enfrentadas pela Polícia Federal pelo fato de o governo estar trabalhando com o orçamento do ano passado. É um orçamento escasso, mas nenhum serviço da Polícia Federal vai sofrer com isso. Nós estamos trabalhando com a realidade, o Brasil está numa situação de queda de arrecadação e é preciso se conformar com isso. Mas há áreas prioritárias e a Polícia Federal é uma delas, garantiu Bastos.
Sobre a tentativa de assalto ao carro em que estavam os seguranças de um dos filhos do presidente Lula, Fábio da Silva, ontem (7) em São Paulo, Bastos afirmou que, a princípio, as investigações serão feitas pela polícia estadual. Segundo ele, se for preciso, a Polícia Federal poderá oferecer suporte aos trabalhos.
Direitos Humanos
O ministro da Justiça participou hoje da reunião entre o presidente Lula e a relatora especial da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias, Asma Jahangir. Segundo ele, a relatora disse ao presidente que o Brasil precisa federalizar os crimes contra os direitos humanos para que eles passem a ser investigados pela Polícia Federal. De acordo com o ministro, o presidente se mostrou favorável à medida.
A federalização dos crimes contra os direitos humanos só pode ser implantada por meio de uma emenda à constituição. A medida está prevista na reforma do judiciário, que está em tramitação no Congresso Nacional. Nós apoiamos essa medida e acreditamos que ela pode ser votada em separado, independente do que tenha acontecido ou venha a acontecer com o resto da reforma, afirmou o ministro. Bastos acredita que, se a esse ponto for votado em separado, a federalização dos crimes contra os direitos humanos pode ser aprovada ainda este ano. A Polícia Federal já tem investigado todos os crimes que envolvem violação forte dos direitos humanos. Isso seria a homologação de uma coisa que já existe, disse.
A relatora aproveitou a reunião com o presidente Lula para criticar o trabalho desenvolvido pela Febem de São Paulo e para elogiar a união das forças da sociedade civil na luta contra o crime organizado no Espírito Santo. De acordo com Bastos, o governo brasileiro mostrou à relatora as ações que têm sido tomadas para o combate à violência. Foi colocada para ela aquela velha tese segundo a qual, na verdade, no Brasil se tem uma linha de montagem de criminalidade e não uma linha de combate à criminalidade. Nós falamos da necessidade de alterar essas ferramentas que o Estado tem para trabalhar com a realidade, que são as Febem (Fundações do Bem-Estar do Menor), a Polícia, o Poder Judiciário e o sistema prisional, disse Bastos.
O ministro contou que a relatora já foi informada pelo presidente do trabalho que o governo tem desenvolvido para acelerar a votação da reforma do Judiciário. Nós falamos do trabalho que estamos fazendo para ajudar a reforma, para que se tenha uma Justiça mais rápida, mais próxima do povo e que tenha uma resposta mais pronta contra a criminalidade, disse Bastos.
Segundo o ministro, Asma Jahangir pretende incluir em seu relatório a necessidade de as Nações Unidas enviarem ao Brasil um relator especial sobre os poderes judiciários, que poderia contribuir para os debates sobre a reforma que está em tramitação no Congresso Nacional. Esse relator faria um exame das questões do Judiciário, um trabalho semelhante ao que ela fez em relação aos direitos humanos, explicou.