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Conselho de Ética rejeita cassação de Vadão Gomes
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar rejeitou nesta quarta-feira o parecer do deputado Moroni Torgan (PFL-CE), que recomendava a cassação do deputado Vadão Gomes (PP-SP). O parlamentar é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do esquema conhecido como mensalão. A quantia teria sido repassada a Vadão nos dias 5 de julho e 16 de agosto de 2004, em um hotel em São Paulo.
Oito deputados votaram contra o parecer (ou seja, pela absolvição do parlamentar) e cinco a favor (pela cassação do mandato). Houve também um voto em branco, do deputado Nelson Trad (PMDB-MS), que se considerou impedido de votar por ter patrocinado juridicamente o acusado há alguns anos.
Novo parecer
O presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), designou o deputado Eduardo Valverde (PT-RO) para ser o novo relator do caso, como exige o Código de Ética. Ele tem um prazo de duas sessões para encaminhar o parecer vencedor ao Plenário - que decidirá, então, se Vadão Gomes será ou não cassado.
Izar informou que encaminhará o parecer rejeitado ao Ministério Público, como fez com todos os outros pareceres votados pelo conselho. "A Procuradoria Geral da República terá maiores condições de aprofundar as investigações", disse Izar.
Defesa
Em sua defesa, Vadão alegou que nada foi comprovado contra ele. Em 5 de julho, Vadão afirmou estar em Tarumã (GO), onde possui uma fazenda, e, em 16 de agosto, disse que se encontrava em Mineiros (GO), onde tem um frigorífico: "Sou inocente, não posso assumir uma coisa que não fiz".
Vadão afirmou que o relator não considerou as provas apresentadas por ele e que se baseou em uma "lógica perversa", segundo a qual todos são culpados até que se prove o contrário. "Não conto mentiras, não proponho negócios errados nem nunca pedi cargos nos governos de que participei", acrescentou.
Relator
Moroni Torgan afirmou estar com a "consciência tranqüila" sobre o relatório e convicto de que o empresário Marcos Valério entregou dinheiro a Vadão.
Torgan disse, referindo-se a Valério e Delúbio, que as testemunhas são qualificadas pela veracidade da informação, e não pelos antecedentes. Ele destacou que, na guerra contra o crime organizado, o testemunho principal é de quem integra o crime.
Depois da votação do parecer de Moroni Torgan, o deputado Edmar Moreira (PFL-MG) anunciou o seu desligamento do conselho. Ele disse que só estava esperando o resultado dessa votação.
Álibi
Para a deputada Ann Pontes (PMDB-PA), o álibi apresentado por Vadão Gomes é frágil. Ela acredita que não houve "armação" de Valério e Delúbio para prejudicar o parlamentar acusado.
O deputado Jairo Carneiro (PFL-BA) disse que o relator não apresentou respostas seguras sobre a presença de Vadão na capital paulista nas datas referidas por Marcos Valério para a suposta entrega do dinheiro. "Não se sabe onde esse dinheiro apareceu", disse Carneiro. Ele ressaltou que Valério, mesmo sendo uma pessoa "extremamente organizada", não se lembrou em que hotel teria entregue o dinheiro a Vadão.
Na opinião do deputado Marcelo Ortiz (PV-SP), no caso de dúvida o benefício deveria ser da sociedade e não do réu. Para Ortiz, o relator do processo contra Vadão não tem a intenção de prejudicar o acusado.
Zulaiê Cobra
Na próxima terça-feira (9), o deputado Josias Quintal (PSB-RJ) vai apresentar o seu parecer sobre o caso da deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP). Ela foi acusada pelo presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), de ter supostamente quebrado o decoro parlamentar ao acusar o PT de encomendar o assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Reportagem - Newton Araújo Jr.
Edição - João Pitella Junior