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Brasil supera a marca de 500 mil mortes por Covid-19 neste sábado
Veículos de imprensa contabilizaram até as 13h (de MS) 500.022 mortes causadas pela doença desde o início da pandemia
O Brasil registrou a triste marca do meio milhão de mortes decorrentes da Covid-19 neste sábado, dia 19. O país registrou 1.401 novos óbitos por Covid desde as 20h de sexta-feira (18), até as 13h (de MS) de hoje, segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa.
Ao todo, são 500.022 mortes por coronavírus no país desde o início da crise sanitária. Das 20h de ontem até as 14h deste sábado, o Brasil também notificou 20.483 novos casos da doença, o que eleva o total acumulado para 17.822.659.
Os dados diários do Brasil são do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde. O levantamento é resultado da parceria entre os seis veículos de comunicação que passaram a trabalhar, desde 8 de junho do ano passado, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal.
A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do Governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados.
500 mil mortes. E é preciso fazer mais para vencer
Com vacinação lenta, baixa adesão às medidas de isolamento social e sem políticas nacionais de testagem em massa, o Brasil atingiu 500.022 mortes por Covid. O país viu a pandemia crescer exponencialmente e, apenas neste ano, registrou o maior número de mortes pela doença entre todas as nações do mundo.
Apesar de alguns governadores projetarem vacinar toda a população com pelo menos uma dose até o fim de agosto, a incerteza na entrega de vacinas e o surgimento de novas variantes ainda tornam o futuro da epidemia incerto no país.
Epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal afirma que pelo menos 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas se o Governo Federal tivesse adotado medidas para controlar a pandemia.
Para Hallal, a gestão Jair Bolsonaro errou ao atrasar a compra de vacinas, desestimular o uso de máscaras e imunização, não implementar uma política rigorosa de isolamento social, além de distribuir remédios ineficazes para a Covid-19, como a cloroquina, que causaram uma falsa sensação de segurança.
O distanciamento entre as pessoas é um dos pilares do controle do coronavírus, mas o Brasil nunca conseguiu, de fato, implementar essa medida.
Dados do Google sobre mobilidade mostram que a porcentagem de pessoas que deixaram de se deslocar para o trabalho variou entre 42% e 25%. Bolsonaro, porém, vem criticando o isolamento social repetidamente desde o início da pandemia.
Um levantamento feito pelo Estadão mostrou que, entre março de 2020 e março deste ano, Bolsonaro promoveu pelo menos 41 eventos com aglomerações. Em maio, quando o país já acumulava mais de 430 mil vítimas da Covid, o presidente chamou de “idiotas” as pessoas que ainda seguiam as recomendações dos especialistas e mantinham o isolamento.
“O Brasil precisa de três semanas de um lockdown rigoroso. Isso é muito necessário, mas sabemos que também é muito difícil”, diz Pedro Hallal, admitindo dificuldades de adesão e econômicas.
Para Marcel Ribeiro-Dantas, pesquisador em bioinformática no Instituto Currie (França) e integrante da isola.ai, iniciativa que conduz estudos relacionados ao distanciamento social na América Latina, as medidas fracassaram por falta de fiscalização e de alinhamento no discurso. “Não adianta o prefeito falar uma coisa e a oposição dizer outra. Falta uma voz uníssona”.
O médico José Cherem, integrante do Núcleo de Pesquisa Biomédica da Universidade Federal de Lavras (MG), diz que a falta de apoio governamental é um dos principais entraves ao isolamento. “Falta um subsídio financeiro. As pessoas também estão enfrentando dificuldades econômicas, insegurança alimentar e desemprego”, aponta.
Os especialistas ressaltam ainda que o Brasil deveria ter apostado em uma política de testagem em massa. Em geral, o SUS (Sistema Único de Saúde) só oferece teste de coronavírus a quem manifesta sintomas claros da doença –e o resultado demora.
“O Brasil precisa ainda começar a fazer o sequenciamento para enfrentar a pandemia com informações mais criteriosas”, defende José Cherem. O médico fala que, quando o país sabe com quais cepas está lidando, consegue calcular o impacto que o vírus terá sobre o sistema de saúde e tem tempo de prepará-lo.
Imunização
Os especialistas são reticentes em cravar o futuro da pandemia, mas concordam que dificilmente o país adotará uma política de isolamento social ou de testagem eficientes a ponto de controlar a disseminação do novo coronavírus. Sobra, portanto, a vacinação.
O país comprou, ao todo, 559,6 milhões de doses das 5 vacinas aprovadas pela Anvisa, conforme a plataforma apolinar.io/vacinas. A previsão é de que tudo seja entregue até dezembro.
No sábado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se manifestou nas redes sociais, lamentando as “500 mil vidas perdidas pela pandemia que afeta o Brasil e o mundo”.
“Trabalho incansavelmente para vacinar todos os brasileiros no menor tempo possível e mudar esse cenário que nos assola há mais de um ano. Presto minha solidariedade a cada pai, mãe, amigos e parentes que perderam seus entes queridos”.
O presidente Bolsonaro não havia se manifestado até às 15h de MS.