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Geral

A fronteira da Bolívia com o Brasil está fechada

Marcelo Fernandes e Rosana Nunes/Corumba Online - 19 de abril de 2006 - 11:08

A fronteira da Bolívia com o Brasil está fechada desde a zero hora desta quarta-feira, 19 de abril, entre Arroyo Concépcion e a cidade sul-mato-grossense de Corumbá. O bloqueio acontece com carros e pedras colocados na estrada que liga os dois países e conta com apoio de 16 prefeitos da região da Chiquitania, que representam cerca de 650 mil habitantes.

A mobilização é em defesa da permanência da siderúrgica que o Grupo EBX constrói em Puerto Quijarro, desde agosto de 2005, e que foi embargada pelo governo do presidente Evo Morales. O protesto é por tempo indeterminado e será desmontado, segundo os comitês cívicos, somente após a liberação das operações da empresa brasileira naquela localidade, que emprega 900 pessoas.

O “paro cívico” conta com bloqueios de estradas; ferrovias; aeroportos e fechamento da fronteira da Bolívia com o Brasil, na cidade de Arroyo Concépcion. Veículos são impedidos de entrar ou sair do país, apenas pedestres circulam.

A estação ferroviária de Puerto Quijarro está fechada. Na porta de entrada do terminal, um aviso da Ferroviária Oriental – empresa que opera e administra a malha – informa que em razão da mobilização dos Comitês Cívicos locais, não serão realizadas vendas de passagens e saídas de trens. Não há previsão de retorno das operações. Na estrada que liga Puerto Suarez a Santa Cruz de La Sierra, também bloqueada, filas de veículos já estão formadas.

Ministros retidos

Três ministros enviados pelo presidente boliviano Evo Morales a Puerto Suarez na tarde desta terça-feira, dia 18, com a tarefa de explicar os motivos que levaram ao embargo das obras foram impedidos de sair do Comitê Cívico da cidade, onde participavam de uma reunião com aquela finalidade. Os participantes do encontro afirmavam que os ministros Carlos Villegas (Desenvolvimento Sustentável); Walter Villarroel (Minas) e Celinda Sossa (Produção e Desenvolvimento Econômico) só sairiam depois de uma solução para o problema.

Cerca de 100 militares das Forças Armadas Bolivianas invadiram a sede do Comitê para retirada dos representantes do Executivo nacional. Eles chegaram a disparar para o alto no momento que iniciaram a operação. Tropas de choque do Exército entraram e retiraram os ministros, que estavam no local há quase 12 horas. Eles foram levados para La Paz. Na sede do Comitê, vidros de janelas foram quebrados.

O presidente do Comitê, Edil Gericke, relatou ao Corumbá On Line que a retirada dos ministros aconteceu durante uma operação “violenta”, masnão houve feridos. Ele classificou a ação “autoritária” e informou que irá denunciar o caso para organismos internacionais. “A atitude foi autoritária e viola a constituição política do país. O presidente Evo Morales jamais poderia usar o Exército contra o povo. Ele mesmo usou o artifício dos bloqueios para conquistas políticas”, afirmou.

"Agora a manifestação vai endurecer e se o Evo quer o confronto, ele vai ter. A EBX gera empregos e isso diminuiu a criminalidade na região e também a fome. Agora o governo boliviano quer o retorno da delinqüência", disse o presidente.

Embargo EBX

Três causas para o embargo foram apresentadas pelos ministros. Além das violações ambientais, que segundo Carlos Villegas seriam cometidas pela empresa de Eike Batista em Puerto Quijarro, a siderúrgica desrespeita a Constituição no que tange à localização mínima para investimentos em zonas de fronteira. A usina estaria em limite inferior aos 50 quilômetros permitidos e, um terceiro motivo seria o não pagamento de impostos desde a instalação.

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