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Voto branco reascende debate sobre voto secreto na AL

Midiamax - 01 de fevereiro de 2007 - 13:45

“Faltou ética e amizade”. Assim, o deputado Maurício Picarelli (PMDB) definiu a atitude de um parlamentar que se limitou a votar em Jerson Domingos (PMDB) e Ary Rigo (PDT) para presidente e 1º secretário da Casa, votando em branco nos demais cinco cargos da Mesa Diretora.

Após dois meses de intensas articulações políticas, a “rebeldia” na hora da eleição foi considerada insubordinação. “É uma atitude abominável. Temos que acabar com isso de voto secreto. Os deputados têm que mostrar a cara nas votações”, afirmou Picarelli.

O peemedebista está entre os demais membros da Mesa que não receberam o voto. Enquanto Jerson e Rigo foram eleitos por unanimidade, Picarelli (2º vice-presidente), Ary Artuzi (PMDB, 3º vice-presidente), Rinaldo Modesto (PSDB, 2º secretário), Paulo Corrêa (PR, 3º secretário) e Amarildo Cruz (PT, 1º vice-presidente) tiveram 23 votos.

Entre as apostas de bastidores para apontar os virtuais rebeldes, José Teixeira (PFL) e Ary Rigo (PDT) despontam como favoritos. O pedetista não comentou o voto. Já o pefelista disse que estava “brincando” ao anunciar, minutos antes da votação, que só votaria no presidente e no 1º secretário. Teixeira disse que mostrou o voto para o deputado Paulo Corrêa, que pode comprovar que o voto em branco não foi seu. PFL e PSB são os únicos partidos na Casa sem representação na Mesa Diretora.

O imbróglio ressuscitou a discussão quanto ao fim do voto secreto. O assunto já foi levado a plenário diversas vezes, quase sempre pela bancada do PT, mas até agora só obteve aprovação parcial. Pouco antes da votação desta quinta-feira, o estreante Marcos Trad (PMDB) bem que tentou garantir a votação aberta. Requisitou que não fosse voto secreto, mas foi alertado pelo então presidente Londres Machado (PR) que a votação já estava em andamento.

“Foi uma questão de interpretação”, disse Trad. Ele informou que já havia solicitado em duas ocasiões que o escrutínio fosse aberto, mas Machado entendeu que fere o regimento.

As discussões devem ganhar fôlego nas primeiras sessões. Trad já anunciou que apresentará projeto de lei para acabar com o voto secreto. Youssif Domingos (PMDB), que deverá dividir a autoria da proposta com Trad, diz que só é favorável ao voto secreto na votação de concessão de honrarias. “Nesse caso, se preserva o homenageado, que é submetido a um julgamento e pode ter a honraria não aprovada”, explica.

Essa é a mesma opinião de Machado. “A Assembléia tem que evoluir. Só defendo no caso de votação de honrarias”. Ele não se mostrou surpreso com a rebeldia de um parlamentar, que só votou no presidente e 1º secretário. “É isso mesmo, conversamos muito para definir a chapa, mas na hora alguém pode mudar o voto”, afirma. Para ele, não foi falta de coleguismo. “Vejo com naturalidade, isso acontece mesmo”, disse.

Se apresentar a proposta, Trad tem grandes chances de acabar com o voto secreto na Assembléia, já que pelo menos 15 deputados são favoráveis. Conforme Trad, a bancada do PMDB vota a favor. Pedro Teruel (PT) também lembrou que a mudança é bandeira histórica do partido. Além de peemedebistas e petistas, Machado e Teixeira também declararam querer o fim do voto secreto.

Rigo ressalva que o voto só deveria ser secreto na eleição da Mesa – justamente o que motivou o debate nesta quinta – e votações que envolvam nomes. “Porque pode acabar sendo constrangedor”, justificou.

Enquanto não acaba com o voto secreto, Teruel quer retirar das sessões a cabine de votação. “É um trambolho, o símbolo do atraso”, disse. Para ele, os deputados podem perfeitamente votar na tribuna, utilizando o espaço reservado ao orador. “Vamos fazer uma campanha contra o voto secreto e, até lá, para tirar essa caixa daqui”, disse.

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