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Geral

Volume de empréstimo consignado disparou 51% em 2007

Fernanda Mathias - Campo Grande News - 23 de janeiro de 2008 - 12:56

O volume acumulado de crédito consignado contratado em Mato Grosso do Sul cresceu 51% de 2006 para 2007, atingindo em dezembro do ano passado R$ 278,9 milhões. O alto nível de endividamento, que preocupa o governo, também respinga sobre o comércio, que acredita que este seja um dos motivos para a paradeira nas vendas e o aumento no índice de inadimplência.

Já no começo deste ano o governo mudou as regras para conter o endividamento de aposentados e pensionistas: o nível de comprometimento do benefício com os empréstimos foi reduzido de 30% a 20%.

De 2007 para 2008 mais R$ 94 milhões foram contratados em Mato Grosso do Sul. Do montante em contratos de crédito consignado acumulados ao longo dos anos no Estado, R$ 213,3 milhões estão ativos, R$ 47,8 milhões foram encerrados, R$38,5 milhões liquidados e R$ 5,9 milhões cancelados. No País, o avanço no volume de dinheiro emprestado nesta modalidade foi também de 51%, passando de R$ 20,2 bilhões a R$ 30,6 bilhões.

Endividados – Se por um lado aposentados e pensionistas têm o benefício de acessar crédito com juros mais módicos que os praticados no mercado – o máximo permitido é de 2,64% ao mês – de outro essa facilidade que acaba fazendo com que eles contraiam dívidas para terceiros (filhos, netos e por exemplo) acaba criando uma legião de endividados.

O aposentado José Aparecido, 67 anos, contraiu um empréstimo há 3 meses, para comprar um carro que usa para fazer bicos. Ele optou, porém, por não descontar da aposentadoria e pegou uma outra linha de crédito, com juros de 3,5% ao mês e parcelas mensais de R$ 230,00.

Aparecido explica a opção, diz que o vizinho contratou empréstimo consignado e que os descontos na aposentadorias são maiores que o esperado. “Ele recebe salário mínimo e todo mês vem descontado R$ 100,00. Só não tem passado fome porque os filhos ajudam ele”, diz.

A aposentada Natalina Tomaz da Silva, de 72 anos, diz que nunca fez empréstimo consignado, mas que ainda assim sente os efeitos do grande comprometimento da renda dos beneficiários do INSS. “Eu vendo produtos de beleza e tenho muito dinheiro para receber na mão de pessoa que não paga porque está com empréstimo e com conta alta. Não vale a pena”, diz. O mesmo acontece com o comércio.

O presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Luiz Fernando Buainain, acredita que o aumento do índice de inadimplência seja conseqüência do alto endividamento da população, por conta das facilidades do acesso ao crédito. Ele diz que o consumidor contrai várias parcelas pequenas, mas quando se dá conta o montante da dívida é muito alto para sua renda. No ano passado o número de cheques sem fundos em Mato Grosso do Sul aumentou 6,6%, segundo dados do Banco Central.

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