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Geral

Você venderia sua empresa pelo valor do balanço patrimonial?

Glauco Oda (*) - 16 de setembro de 2013 - 13:51

Caso essa pergunta fosse feita a um empresário, provavelmente a resposta seria não. Obviamente a avaliação do valor de um negócio requer um estudo muito mais complexo que envolve a análise dos balanços dos últimos anos, análise do mercado interno e externo, projeções de crescimento, etc. A grande questão é: o valor do ativo imobilizado registrado no balanço patrimonial corresponde ao valor real de mercado?

Nesses vários anos prestando serviços para inúmeras empresas, verificamos que muitas possuem seus ativos imobilizados com um valor contábil muito inferior ao valor real de mercado. O exemplo mais nítido são os imóveis, terrenos e edificações que nos últimos anos apresentaram uma grande valorização.

Muitas vezes esses bens foram contabilizados décadas atrás e hoje possuem um valor contábil totalmente discrepante do seu valor real. Esse problema causa uma situação no mínimo estranha para quem analisa friamente o balanço de uma empresa, pois um imóvel registrado no balanço pode valer na realidade milhões de reais a mais.

Com a introdução das normas contábeis internacionais (IFRS - Lei. 11.638/07), muitas empresas utilizaram-se do dispositivo de avaliação a valor justo (deemed cost) criado para corrigir essas distorções (exclusivamente na adoção inicial) e acertaram seus balanços. Porém, muitas outras ainda não o fizeram.

Em termos gerenciais e societários é extremamente importante ter um balanço que espelhe a realidade. Além disso, para a captação de financiamentos os imóveis são os principais ativos dados como garantia. Assim, se o imóvel está registrado com um valor inferior ao de mercado, a solução é contratar uma empresa especialista para a elaboração de um laudo de avaliação patrimonial. Este laudo é elaborado por engenheiros e arquitetos seguindo as normas vigentes determinadas pela ABNT e IBAPE, sendo fundamentado através de modelos estatísticos e classificados de acordo com o nível de precisão.

Outras situações bem comuns onde é necessário se avaliar o valor real dos ativos imobilizados são nas operações de venda, compra, fusão, cisão ou incorporação, nessas operações comerciais conhecer o valor real dos ativos imobilizados pode ser a diferença entre fazer um bom negócio ou não. Outra situação onde a avaliação dos ativos é indicada é para fins de seguro, seja para estar devidamente coberto em um eventual sinistro, seja para não se pagar um valor de apólice maior do que o necessário.

Muitos empresários quando pensam em vender a empresa ou sua parte na sociedade avaliam pelo valor sentimental. O empresário e a sua família, movidos pelo afeto, tendem a atribuir um valor na base do “achômetro”, o que geralmente faz com que se estabeleça um valor muito maior, longe dos parâmetros técnicos.

Da mesma forma, o fator sentimental pode atrapalhar na hora de estabelecer um valor de venda. Se por alguma razão a relação com a empresa estiver desgastada, cansada de gerir os negócios, sem motivação, a tendência é desfazer-se dela como se estivesse “livrando” de um problema. Nessas condições a tendência é valorar a empresa pelo valor patrimonial ou algo próximo a isso.

Entretanto, nessa hora é importante deixar de lado o sentimentalismo. Basta lembrar que se for necessário levantar um capital num banco para financiar algum investimento, eles não levarão isso em consideração a favor e nem contra. É necessário deixar de lado o coração e usar a cabeça. Se você não venderia sua empresa com base no balanço patrimonial, talvez seja a hora de fazer uma avaliação técnica dos seus ativos.

Glauco Oda é empresário, diretor administrativo e de serviços do grupo AfixCode referência em serviços de controle do ativo imobilizado e avaliações patrimoniais.

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