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Mundo fitness: veganismo chega ao universo fitness

Há discussão sobre a sua superioridade em relação à dieta tradicional da população.

Saúde Plena - 16 de março de 2021 - 11:00

Mundo fitness: veganismo chega ao universo fitness

O Brasil possui 15 milhões de vegetarianos, ou seja, pessoas que não comem carne, ovos ou leite. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2012. Dentro dessa estatística, estão incluídos os veganos, que, além da alimentação, aboliram o consumo de produtos de origem em animal em outras áreas, como vestuário, e evitam peças feitas a partir de lã ou seda e produtos de limpeza testados em animais.

Mesmo no universo fitness, obcecado por carne, é notável a popularização do veganismo. O personal trainer Felipe Garcia do Carmo é prova de que é possível ter músculos sem consumir proteína de origem animal. Felipe conquistou o troféu de primeiro colocado no 2º Campeonato de Fitness e Musculação, realizado em Mairinque (SP), em março. Concursos como esse avaliam a definição, a simetria, o volume e a proporcionalidade dos músculos.

O baiano Paulo Victor Pinheiro, mais conhecido como Paru, foi classificado em quarto lugar no mesmo campeonato e participará do ironman (maior evento de triatlon do mundo) em outubro. Ele completa, este mês, 14 anos de veganismo. A decisão por esse estilo de vida foi tomada depois que ele assistiu ao documentário Meet Your Meat (Conheça sua carne), que mostra a rotina de abatedouros. Paru abandonou o curso de engenharia elétrica para estudar nutrição. “Queria fazer algo em prol do veganismo, algo que possa me sustentar e ajudar as pessoas a viverem sem comer animais”, conta.

O atleta ressalta ainda que o interesse pelo tema é grande. “Recebo pelo menos uns 10 pedidos de ajuda por semana. Depois de um campeonato, sempre há um fluxo maior de mensagens”, comemora. A alimentação de Paru é baseada em castanhas, frutas, verduras e cereais.

O tema gera polêmica, pois a hipertrofia muscular é obtida por meio do ganho de massa, que ocorre com a quebra das proteínas em unidades menores. Durante o treino, as fibras já existentes nos músculos são rompidas e o organismo se prepara para substituí-las. Isso ocorre por meio da criação de novas células, baseadas no DNA já existente, formadas por aminoácidos. Porém, apenas 11 dos 20 aminoácidos existentes são fabricados pelo organismo. Os outros devem ser obtidos por meio da dieta. Alguns dos alimentos mais ricos nessas substâncias são a carne, o leite e os ovos.

Embora vegetais possam não conter grande variedade de aminoácidos, isso é solucionado quando a refeição combina carboidratos e leguminosas, como arroz e feijão ou mandioca e lentilha. Os componentes de origem animal contêm também reservas de ferro mais facilmente digeríveis do que as de origem vegetal. Uma das alternativas para melhorar a absorção desse nutriente é aliar o consumo dele à vitamina C, por exemplo, acrescentando açúcar mascavo — 10 vezes mais rico em ferro do que a versão branca e refinada — a sucos cítricos.

Ainda assim, a quantidade de proteínas pode não ser suficiente para os resultados esperados por um fisiculturista. Por isso, tanto entre onívoros, quanto entre vegetarianos, é comum a suplementação proteica. O mercado conta hoje com produtos variados para suprir essas necessidades, com proteínas isoladas do leite, da soja e de lentilha, o que atende às carências da maioria dos atletas. Não há restrição para a compra desses suplementos, embora a orientação seja de que sejam prescritos por nutricionistas. O consumo exacerbado de proteínas pode levar a sobrecarga dos rins, do fígado e ao ganho de peso quando o exercício físico não é suficiente para aproveitar todos os nutrientes fornecidos.

Uma das implicações do vegetarianismo pode ser a deficiência das vitaminas B12 e D, que, segundo a nutricionista Deyse Castro, atinge grande parte da população, independentemente de restrições alimentares, e é facilmente solucionada também com suplementação, receitada por médicos.

Para ela, mesmo quem não pretende trilhar carreira no fisiculturismo só tem a ganhar com a alimentação vegetariana. “Essa dieta, quando bem elaborada, não traz nenhum risco à saúde, muito pelo contrário, tende a melhorar a imunidade”, assegura. Segundo a Associação Dietética Americana, as vantagens citadas são notáveis: vegetarianos têm risco 88% menor de ter câncer de intestino grosso, redução de 5 a 10 mmHg na pressão arterial e colesterol até 35% mais baixo, quando comparados com onívoros.

Sofrimento
A principal motivação para essas escolhas é a crença de que os animais não devem servir às necessidades humanas, e o sofrimento deles é injustificável, mesmo em atividades aparentemente inofensivas, como ordenhar vacas para a comercialização do leite. Segundo a Sociedade Americana pela Prevenção à Crueldade com Animais, as vacas leiteiras produzem hoje 10 vezes mais leite do que há décadas atrás. Isso ocorre devido a hormônios, dietas artificiais e modificações genéticas. Além do prejuízo ao bicho, essas toxinas são repassadas ao organismo humano durante a alimentação.

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