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Vadão nega que tenha recebido dinheiro de Marcos Valério

Juliana Cezar Nunes/ABr - 14 de dezembro de 2005 - 18:10

O deputado Vadão Gomes (PP-SP) negou hoje (14), em depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o recebimento de R$ 3,7 milhões do empresário Marcos Valério no período de julho a agosto de 2004. O nome de Vadão, ameaçado de perder o mandato, consta da lista apresentada por Valério à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios. De acordo com o empresário, o dinheiro foi entregue ao parlamentar a pedido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

"O Marcos Valério disse que depositou o dinheiro nas contas das minhas empresas. Já quebrei o sigilo das contas e o depósito não aparece. Depois, ele falou que entregou o dinheiro pessoalmente em hotéis de São Paulo. Eu já mostrei que nos dias citados por ele eu não estava na capital", afirmou Vadão, que atua no ramo agropecuário e é proprietário de empresas que acumularam faturamento anual R$ 1 bilhão.

"Eu não teria tempo, disposição, nem necessidade de ir a São Paulo buscar dinheiro. Todas as minhas quatro campanhas para deputado foram pagas com o meu dinheiro", disse o parlamentar.

Para o deputado do PP, seu nome foi incluído na lista de Marcos Valério para encobrir repasse para outras pessoas. Perguntando sobre ligações feitas por Delúbio e Marcos Valério para o seu celular, Vadão Gomes disse que não tem conhecimento da lista de telefonemas, mas reconheceu que recebeu ligações dos dois em 2004.

"Todas elas foram atendidas pelos meus assessores e não foram repassadas para mim. Não queria tratar com Delúbio de assuntos que já conversava com o José Genoino (ex-presidente do PT). E o Marcos Valério, para mim, era alguém que oferecia serviços comerciais. Não costumo atender esse tipo de ligação", revelou o deputado. "Meu tempo é muito calculado. Administro um grupo com 5 mil funcionários. Quando estou em Brasília, acordo cedo para passar orientações aos meu funcionários antes de ir para o Congresso."

Vadão Gomes disse que conheceu pesoalmente Delúbio e Marcos Valério em abril de 2004, no velório do vice-presidente do Banco Rural. Na ocasião, por 10 minutos, eles teriam conversado sobre política e campanhas eleitorais. "Os dois elogiaram minha performance eleitoral e só", revelou o parlamentar do PP. Ele informou que tem conta no Banco Rural há 15 anos.

Por meio da instituição, ele operacionaliza as exportações de produtos fabricados pela própria empresa. "Não existem motivos para que eu fosse beneficiado por qualquer esquema. Não tenho indicados no governo federal, minhas empresas nunca participaram de licitação pública", disse Vadão Gomes. "Sou um deputado de ação discreta e voto de forma independente. Não participo de ações partidárias, não faço articulação, discursos ou encaminhamentos."

O relator do processo de Gomes, deputado Moroni Torgan (PFL-SP), pretende encaminhar perguntas a Delúbio Soares e Marcos Valério. Torgan ainda vai pedir à CPI dos Correios o envio oficial da lista de ligações feitas dos dois para Vadão Gomes.

"O depoimento de hoje foi inicial. Precisamos ainda verificar algumas informações, encaminhar a ele as dúvidas que surgirão, antes de chegar a qualquer tipo de conclusã. Posso dizer que não considero o depoimento de hoje determinante", disse Torgan.

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