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Uso de óculos pode evitar contágio pelo novo coronavírus, aponta estudo

Ainda que cause discordância entre cientistas, eles concordam que o acessório é mais uma barreira contra o vírus além da máscara

Midiamax - 18 de setembro de 2020 - 14:00

Uso de óculos pode evitar contágio pelo novo coronavírus, aponta estudo

Quem usa óculos diariamente pode ter um novo aliado contra a Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus). Estudo divulgado nesta semana revista científica JAMA Ophthalmology, publicada pela Associação Médica Americana, aponta que essas pessoas estão menos expostas ao contágio.

Na publicação, pesquisadores de instituições de saúde e outro estudo na China descrevem experimento com um grupo de 276 pacientes hospitalizados em Suizhou, cidade próxima a Wuhan, na província de Hubei, marco zero da pandemia.

Desses internados, 16 usavam óculos, o que representam por mais de oito horas pelo mesmo motivo: miopia. Para os cientistas, isso sugere que a proteção aos olhos que o acessório confere, além das máscaras faciais, diminui as chances de contágio.

Apesar da boa notícia, os pesquisadores são cautelosos e afirma que o estudo não é conclusivo e novas pesquisas precisam ser feitas.

“Desde o início do surto de Covid-19 em Wuhan, em dezembro de 2019, percebemos que poucos pacientes que usavam óculos deram entrada no hospital. Assim, coletamos informação sobre o uso de óculos de todos os pacientes com a doença como parte do histórico médico e usamos esses dados para examinar a relação entre o uso de óculos e a infecção da Covid-19”, escrevem os autores no artigo.

Esse estudo contou com pacientes internados entre janeiro e março, período de taxa de contágio alta na China. Todos eles foram diagnosticados através do teste RT-PCR – o popular “cotonete no nariz” –, o exame mais eficiente e que detecta a presença do vírus na fase aguda.

“Nossa hipótese é que os óculos evitam que as pessoas toquem os olhos diretamente, prevenindo assim que o vírus seja transferido das mãos para os olhos”, afirmam os cientistas no texto.

Um artigo publicado em 2017 na Finlândia pelo periódico The Open Ophthalmology Journal mostrou que há abundância do receptor ECA2 nos olhos, o mesmo que o novo coronavírus usa para se conectar com a proteína em forma de espinho a iniciar a infecção nas células humanas. Médicos de diversas partes do mundo têm relatado sintomas nos olhos de pacientes, como conjuntivite, que podem estar relacionados à infecção pela Covid-19.

Um outro estudo, também publicado pela revista JAMA Ophthalmology, detectou o novo coronavírus na conjuntiva (mucosa dos olhos) de infectados. Estimativas de cientistas apontam que até 12% dos doentes podem ter algum sintoma nos olhos.

Para Émerson Castro, oftalmologista do Hospital Sírio-Libanês, sintomas da doença relacionados aos olhos são pouco frequentes e geralmente mais brandos que os causados por outras viroses.

Existe a chance de uma lesão na retina, imperceptível para os pacientes e sem consequências graves, mas que pode também estar ligada ao novo coronavírus. Há ainda indícios de que, a partir dos olhos, o vírus pode ser transportado para a mucosa nasal e dar início a uma infecção respiratória.

A infectologista Lisa Maragakis, da Universidade Johns Hopkins, destacou em um comentário publicado também pela JAMA Ophthalmology sobre o artigo dos pesquisadores da China, aponta algumas limitações do estudo, como o número pequeno de participantes e os dados sobre a presença da miopia na população geral, coletados décadas atrás e que podem estar desatualizados.

Mesmo assim, ela admite que o uso dos óculos pode oferecer proteção às pessoas. “Embora os óculos não forneçam a mesma proteção que os óculos de segurança ou os escudos faciais, eles podem servir como uma barreira que reduz a inoculação do vírus, semelhante ao que as máscaras de tecido fazem”, escreveu.

“O estudo é provocativo, e levanta a possibilidade de que o uso de uma proteção ocular pela população geral possa oferecer algum grau de proteção contra a Covid-19”, completa.

Ainda conforme o oftalmologista do Sírio-Libanês, essa possibilidade deve ser considerada. “Em média, tocamos os olhos cerca de 10 vezes por hora, e os óculos podem funcionar como uma defesa contra esse toque”, afirma.

Castro recomenda cuidados para quem usa óculos a fim de diminuir os riscos de contaminação. “Devemos evitar tocar os óculos o tempo todo, principalmente quando estivermos na rua e com as mãos não higienizadas”, diz.

“Em locais públicos, os óculos estão expostos à contaminação, e depois trazemos para dentro de casa. Assim como limpamos o corpo com um banho, é importante lavá-los na torneira, com água na temperatura ambiente e sabão”, sugere o médico. O embaçamento das lentes causado pelas máscaras também não deve impedir o uso dos óculos na rua. “Basta colocar um esparadrapo prendendo a máscara na região do nariz para evitar a saída do ar quente que embaça as lentes”, finaliza.

As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

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