O resultado do primeiro vestibular com o sistema de cotas para negros começa a mudar o perfil da Universidade de Brasília (UnB). O número total de negros da UnB passará de 2% para 3,5% no segundo semestre de 2004 após o processo seletivo que reservou 20% das vagas para afro-descendentes. Para as 392 vagas oferecidas no sistema de cotas, 1.601 candidatos se inscreveram e 378 foram aprovados.

"É claro que proporcionalmente ainda é pouco porque são 26 mil alunos, mas já vai mudar um pouco o rosto da universidade", disse o vice-reitor da universidade, Thimothy Mulholland. Das 14 vagas que sobraram, nove migraram para o sistema universal (demais candidatos). As outras cinco foram para o curso de bachalelado em música, que não foi preenchido porque não havia candidatos classificados nem entre os cotistas, nem entre os demais.

Para o diretor do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos – CESP, da UnB, Mauro Rabelo, o desempenho dos candidatos está dentro do esperado. O 3º melhor colocado na classificação é uma candidata cotista, Kassia Daglaby Roque Oliveira, que passou para o curso de medicina. Para ele, a UnB dispõe de um programa nas áreas socioeconômica, acadêmica e cultural, para garantir a permanência dos estudantes que entraram pelas cotas. “Logo depois do registro desses alunos na universidade, nos próximos dias 15 e 16, a UnB traçará o perfil socioeconômico dos estudantes. Na medida das necessidade, haverá a expansão dos programas que atendem a estudantes de baixa renda – bolsa alimentação, bolsa livro e bolsa permanência", explicou.

Neste segundo vestibular de 2004, a UnB registrou 27.397 candidatos inscritos no sistema universal, dos quais 4.194 também se inscreveram no sistema de cotas. Os candidatos disputaram as 1994 vagas, sendo 1.602 para o sistema universal e 392 para o sistema de cotas. A Universidade de Brasília ofereceu vagas em 19 cursos da área de Ciências, oito da área de Saúde e 34 da área de Humanidades.