Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Sexta, 19 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Uma palavra mal colocada pode dar problemas

Alcides Silva - 19 de maio de 2005 - 08:14

Hoje, estamos publicando mais um artigo do advogado Alcides Silva. Vale a pena ler.

Língua Portuguesa, inculta e bela

Ao encontro ou de encontro?
Tenho ouvido e lido com certa freqüência que a realização de determinada obra ou serviço “veio de encontro à antiga reivindicação do povo”. Se essa obra veio de encontro, está contra a reivindicação popular:
“a decisão do governo veio de encontro aos interesses da comunidade” [foi contrária, em oposição àqueles interesses].
“desgovernado, o carro foi de encontro ao poste” [houve um choque, uma colisão, uma batida].
Se aquela benfeitoria foi ao encontro de, significa estar a favor do anseio da população-alvo: a construção da praça veio ao encontro do desejo do povo” [em benefício, em abono, em condição favorável, em atenção].
“embriagado o homem foi ao encontro do poste” [ ‘abraçou’ o poste, segurou-se no poste].
“Ao encontro de” pode significar também em busca de, a procura de:
“Suas preces foram ao encontro de Deus”.
Ir ao encontro de alguém é procurá-lo, aproximar-se de. Ir de encontro a alguém, é chocar-se, bater, esbarrar, trombar.
Todo ou todo o?
Todo é pronome indefinido, isto é, determina o substantivo de modo vago, indeterminado, impreciso e seu sentido varia conforme esteja colocado na frase.
Sem o artigo, tem a significação de um, cada, qualquer:
“Trabalho todo dia (=qualquer dia, cada dia).
Com o artigo significa inteiro ou determinado:
“Toda população tem interesse num bom governo” (= qualquer população).
“Toda a população deve ser consultada” (= determinada população).
“Toda casa um dia precisa ser reformada” (= qualquer casa).
“Toda a casa precisa ser reformada” (= a casa inteira).
Se alguém chega num lugar e beija todas as pessoas que ali se encontram pratica um ato simpático, de civilidade, de afeição. Ao contrário, se beijar “toda pessoa” poderá ser preso por libidinagem...
Se a palavra todo aparecer depois de um substantivo e significar “inteiro”, é um adjetivo:
“Andei o dia todo” ( =o dia inteiro).
Quando colocado antes de um substantivo e para trazer a significação de “inteiro”, deve vir seguido de um artigo:
“Toda a manhã estive trabalhando” (=a manhã inteira).
Quando modificar adjetivo ou verbo, funciona como advérbio:
“Os cantores foram todos aplaudidos”
“Molhou-se toda na chuva”.
A forma neutra de todo é tudo e funciona como pronome substantivo ou como pronome adjetivo:
“Comeu de tudo” (pronome substantivo);
“Tudo aquilo era verdade” (pronome adjetivo).
Quando seguido de “que” reclama o artigo definido “o” e exerce a função de pronome demonstrativo:
“Tudo o que foi falado era verdade”.
Na Constituição Federal, exprimindo princípio fundamental do Estado Democrático de Direito, ficou declarado que:
“Todo o poder emana do povo!”, significando que o poder em sua plenitude, na totalidade das partes, nasce do povo.
Não há Poder sem o povo, até porque sem ele não haveria Nação e nem existiria o Estado. O homem não é só sujeito mas também objeto do poder. Dele nasce e para ele é dirigido. Assim poder-se-ia dizer, sem medo de errar, que todo poder nasce do povo, isto é, qualquer poder tem sua origem primeira no homem.

SIGA-NOS NO Google News