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Uma criança torna-se cega a cada minuto no mundo

Agência Notisa - 31 de maio de 2005 - 14:09

A perda da visão pela catarata congênita, em países em desenvolvimento, representa um grande problema em termos de morbidade, perda econômica e peso social. Independente da causa, a cegueira infantil traz sérios agravos à criança e a sua família, pois influencia as perspectivas pessoais, educacionais, empregatícias e sociais. Nesse sentido, pesquisadores da Fundação Altino Ventura e da Universidade de Pernambuco avaliaram o perfil socioeconômico, gestacional e desenvolvimento neuropsicomotor de 40 pacientes com catarata infantil, atendidos na própria fundação entre outubro e novembro de 2003.

O controle da cegueira na infância tem sido uma prioridade para a Organização Mundial de Saúde. De acordo com artigo publicado na edição de janeiro/fevereiro de 2005 dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, “estima-se que uma criança torna-se cega a cada minuto no mundo, e que esta freqüência seja ainda maior em países em desenvolvimento. Dentre as 1,5 milhões de crianças cegas no mundo, 75% apresentam causas preveníveis ou curáveis e uma delas é a catarata congênita”.

No estudo, os pesquisadores verificaram que a maioria das genitoras era de baixa renda e escolaridade. Dez mães informaram a ocorrência de aborto espontâneo, e três referiram consangüinidade com seu cônjuge. Além disso, cinco genitoras referiram exposição a medicamentos durante a gravidez e treze relataram infecção durante a gestação.

A equipe constatou também que 92,5% das genitoras não foram vacinadas contra rubéola e 13 apresentaram a doença durante a gravidez: “a associação entre catarata congênita e o vírus da rubéola já é bem estabelecida. No presente estudo, a maioria das genitoras relatou não ter sido imunizada contra a rubéola, o que demonstra falhas na saúde pública do país, principalmente em se tratando de uma população de baixa renda e de baixo nível de instrução”.

Outro dado importante foi o de que dos 14 pacientes que tinham idade maior ou igual a seis anos, 45,4% repetiram de ano na escola. Segundo os pesquisadores, “o baixo rendimento escolar desses pacientes ocorre provavelmente devido ao importante déficit visual que pode existir, dependendo principalmente da idade do diagnóstico e tratamento da catarata infantil e, às anormalidades sistêmicas associadas”.

Dessa forma, eles ressaltam no artigo que uma abordagem multidisciplinar proporcionaria um maior suporte psicopedagógico a estes pacientes, promovendo a estimulação dos seus talentos e sua inserção na sociedade. Além disso, a equipe alerta para a necessidade de planejamento dos programas para diagnóstico precoce e efetiva reabilitação visual dessas crianças: “para isso é imprescindível o conhecimento das características intrínsecas dessa população”.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)

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