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"Uma criança já tem a idade de suas artérias" diz médico

Agência Notisa - 28 de setembro de 2004 - 06:21

Rio de Janeiro - Hoje, é normal ver adultos com mais de 40 anos de idade preocupados com a saúde de seus corações. Entretanto, esta preocupação deveria começar já na primeira década de vida, muito antes de qualquer sintoma clínico. “Se esperamos um sintoma clínico claro, como um infarto, para tratarmos nossos pacientes, metade deles terá morrido ou estará em situação muito grave”, afirmou o médico inglês John E. Deanfield, no 59º Congresso Brasileiro de Cardiologia. “É como uma aposentadoria. Se você só pensa nela aos 60 anos, com certeza terá problemas. Se começar a pensar aos 20, ou antes, poderá envelhecer bem”, comparou.

Em sua palestra “Doenças do coração no adulto têm origem na criança: pode o processo ser revertido?”, Deanfield defendeu maior investimento na prevenção de doenças cardiovasculares. “Os EUA gastam 200 bilhões com o tratamento de doenças coronarianas e apenas cerca de 3% desse total são gastos em profilaxia”, disse. Na Inglaterra, segundo ele,o investimento também não chega a 5% . “Se fosse possível, milagrosamente, curar todas as formas de câncer, a expectativa de vida mundial subiria pouco mais de 3 anos. Se fizéssemos o mesmo com as doenças cardiovasculares, o acréscimo seria de 9,78 anos”, afirmou.

Estudo realizado na Finlândia, citado por Deanfield, com crianças de 10 anos de idade constata que apesar de aparentemente sadias, grande parte já apresenta alterações ao fim da primeira década de vida. Segundo o pesquisador, este fato estaria relacionado ao estilo de vida das novas gerações e o principal problema a ser enfrentado seria a obesidade e o aumento gradativo do colesterol ao longo da vida. “Somos os únicos mamíferos com LDL de 3 dígitos”, alertou o médico, ressaltando a necessidade de se aprofundar os resultados de reduções mais drásticas de colesterol. Apesar disso, Deanfield afirmou que “nós não precisamos de mais informações sobre essa doença (do coração). Nós podemos melhorar a saúde nossos pacientes com o que sabemos”.

No presente, dificilmente alguém desconhece os principais fatores de risco cardiovascular: fumo, obesidade, colesterol alto. Entretanto, a população resiste em mudar seus hábitos alimentares. “Se aceitarmos que nós temos essa doença incubada, vamos evitar problemas mais velhos”, afirmou Deanfield.

(Agência Notisa - Jornalismo Científico – Scientific Journalism)


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