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Tropa não obedece militar homossexual, diz general
O general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, indicado para ocupar uma vaga de ministro do Superior Tribunal Militar (STM), disse nesta quarta-feira (3) que soldados não obedecem a comandantes homossexuais. Segundo Cerqueira Filho, as atividade desempenhadas pelas Forças Armadas não são adequadas a homossexuais. Talvez tenha outro ramo de atividade que ele [o militar homossexual] possa desempenhar, afirmou.
Cerqueira Filho disse que a Guerra do Vietnã mostrou que militares homossexuais não teriam condições de comandar tropas. Tem sido provado mais de uma vez, o indivíduo não consegue comandar. O comando, principalmente em combate, tem uma série de atributos, e um deles é esse aí. O soldado, a tropa, fatalmente não vai obedecer. Está sendo provado, na Guerra do Vietnã, tem vários casos exemplificados, que a tropa não obedece normalmente indivíduos desse tipo, declarou.
As declarações do general foram feitas durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado nesta terça. Cerqueira Filho e o almirante Álvaro Luiz Pinto, também indicado a uma vaga no STM, participavam da audiência quando foram questionados pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre o tema. Vossas excelências são favoráveis ao ingresso de homossexuais em qualquer das forças e acham que essa polêmica tem razão de ser?, indagou Demóstenes. Suplicy quis saber se os dois militares defendiam a exclusão de homossexuais das Forças Armadas.
Em sua resposta, o general Cerqueira Filho disse que iria responder de uma maneira sincera. Não é que eu seja contra o homossexual, cada um tem que viver sua vida. Entretanto, a vida militar se reveste de determinadas características que, em meu entender, tipos de atividades que, inclusive em combate, pode não se ajustar ao comportamento desse tipo de indivíduo, afirmou.
Segundo o general, a maior parte dos exércitos do mundo não admite militares homossexuais. O exército americano está discutindo ainda, mas os casos que ocorreram mesmo no exército americano foram praticamente rechaçados. Não é que o indivíduo seja criminoso, mas é o tipo de atividade. Se ele é assim, talvez tenha outro ramo de atividade que ele possa desempenhar, afirmou, sem dizer que atividades seriam mais adequadas a homossexuais.
O almirante Luiz Pinto disse que não via problema, desde que o militar mantivesse "sua dignidade". É uma situação muito polêmica, mas eu vou lembrar um fato que aconteceu alguns anos atrás, na França, não nas Forças Armadas, mas na Igreja, em que foi feita a mesma pergunta. O teólogo pensou, pensou, pensou e respondeu: Não tenho nada contra, desde que ele faça uso do voto da castidade, que é um dogma da Igreja. Eu acho que fazendo uma similaridade com as Forças Armadas, eu não tenho nada contra desde que ele [o militar homossexual] mantenha sua dignidade, a dignidade da farda, do cargo e do trabalho que executa. Se ele exercer sua dignidade, sem nenhum problema."
Estados Unidos
A polêmica sobre homossexuais nas Forças Armadas não é exclusividade brasileira. Nos Estados Unidos, o tema está em discussão no governo. O secretário de Defesa do país, Robert Gates, disse nesta terça-feira diante do Senado que um grupo de trabalho vai estudar a possível anulação de uma lei de 1993 que proíbe o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas do país.
O anúncio foi feito durante audiência no Comitê de Serviços Armados do Senado. O secretário afirmou que a revisão da lei vai considerar o impacto que teria a sua anulação.
O chefe do Estado Maior conjunto Michael Mullen disse à mesma comissão que apoia a suspensão, acrescentando que "isso é o que se deve fazer".
A legislação atual, conhecida como 'Don't ask, don't tell', proíbe que soldados gays e lésbicas assumam sua homossexualidade, bem como que eles sejam questionados sobre isso. É a primeira audiência sobre o tema no Congresso desde que a lei entrou em vigor.