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Três em cada quatro pessoas não freqüentam bibliotecas

Amanda Cieglinski /ABr - 01 de junho de 2008 - 16:38

Brasília - A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lançada na última semana pelo Instituto Pró-livro, mostrou que a biblioteca ainda é vista como um lugar desinteressante para a população. A maioria dos entrevistados - 67% - afirmou que sabe da existência de uma biblioteca pública em sua cidade, mas 73% declararam que não costumam usar o serviço. A estimativa indica que três a cada quatro brasileiros não vão a bibliotecas.

No lançamento da pesquisa, o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, afirmou que as bibliotecas precisam deixar de ser “depósitos de livro”. Para a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Nêmora Rodrigues , espaços defasados e com poucos recursos são uma das causas do desinteresse do brasileiro. “Elas [bibliotecas] passam por uma série de dificuldades, falta acervo atualizado e equipamentos para se tornarem mais atrativas. Hoje, com a multimídia e todas as oportunidades de interação, o computador poderia ser um atrativo para a pessoa freqüentar a biblioteca e, a partir disso, ler também o livro em papel ”.

Jeferson Assunção, coordenador do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) do Ministério da Cultura, explica que a melhoria das bibliotecas já está previstasno programa Mais Cultura. A modernização de cerca de 400 bibliotecas deve ocorrer ainda em 2008. “Isso será feito a partir de uma perspectiva da biblioteca como centro cultural. O livro é o principal elemento, mas estará articulado com outros suportes de leitura”.

A pesquisa mostra ainda que 8% dos brasileiros, cerca de 15 milhões de pessoas, não têm nenhum livro em casa. Para Assunção, o dado reforça a importância do fortalecimento das bibliotecas públicas para garantir o acesso à leitura.

De acordo com o Ministério da Cultura, 90% dos municípios contam com pelo menos uma biblioteca pública, mas, segundo Nêmora, esse número não expressa a realidade. “Dizer que existe uma sala, um local em que se colocam livros ali dentro não significa dizer que é uma biblioteca. A biblioteca é um organismo dinâmico, ela não vive de um amontoado de livros”.

Nêmora critica ainda o fato de que muitas bibliotecas escolares não contam com profissionais adequados. “Muitas vezes, os locais são administrados por professores em desvio de função e não bibliotecários”, afirma.

Para cativar aqueles que não vão à biblioteca, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal desenvolve o projeto Mala do Livro. Uma caixa de madeira com acervo variado é deixada em pontos de grande circulação. O público leva o livro para casa e devolve quando quiser. Não precisa de cadastro ou termo de compromisso, basta preencher uma ficha com o próprio nome e o título da obra que vai levar. Na última sexta-feira (30), uma mala foi deixada na estação do metrô de Taguatinga.

“Biblioteca é lugar de livro, metrô não. Essa é a diferença, é uma antítese que chama a atenção de pessoas que têm o hábito de ler e outras que estão pegando um livro pela primeira vez”, conta Israel Ângelo, agente do projeto. Em duas horas, dez exemplares foram emprestados, entre eles Hamlet, de Shakespeare, escolhido por Luan de Santos, de 12 anos, que pegava o metrô para voltar para casa depois da escola.

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