O transplante de córnea é um dos procedimentos cirúrgicos mais importantes da oftalmologia e sua realização aumentou muito nos últimos 40 anos. Para que a cirurgia seja bem sucedida é muito importante que todos os pacientes submetidos a ela entendam o processo pelo qual estão passando. Nesse sentido, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo resolveram avaliar o grau de entendimento de 42 pacientes transplantados no Setor de Patologia Externa e Ccórnea da Universidade sobre o tipo de doença corneana, o tratamento realizado, prognóstico e sua satisfação com o resultado final.

Em artigo publicado na edição de novembro/dezembro de 2003 dos Arquivos de Oftalmologia, a equipe explica que “todo paciente submetido ao transplante de córnea deve ter uma informação completa sobre o processo cirúrgico, o cuidado pós-operatório e sinais de rejeição, visto que o diagnóstico precoce pode alterar o resultado final do transplante, evitando que o paciente tenha novamente uma limitação visual com suas conseqüências sociais e alteração da qualidade de vida do indivíduo”.

No estudo, os pesquisadores observaram que a média de idade dos pacientes era de 58 anos e que a maioria era aposentada e foi encaminhada ao setor por meio de um serviço público. No momento da entrevista, 76% dos pacientes afirmaram estar usando medicação, sendo a mais comum o colírio de corticóide. Os outros 24% haviam suspendido a medicação ou por ordem médica ou por conta própria. “Chamou nossa atenção o fato de 31 % dos pacientes não terem uma idéia clara da função dos colírios, fato de fundamental importância para a recuperação, já que esta depende da correta aplicação dos colírios”, afirmam no artigo.

Em relação ao conhecimento dos pacientes sobre o processo, quase todos relataram saber o diagnóstico da doença que os levou a fazer o transplante. Entretanto, a equipe observou que 64% não sabiam o que é um transplante de córnea, 95% não sabiam que tipo de transplante foi realizado e a maior parte dos entrevistados desconhecia o que é rejeição. Além disso, a maioria não sabia qual seria a durabilidade da cirurgia e o que é astigmatismo.

Dessa forma, os pesquisadores afirmam que a grande parte dos pacientes não tem entendimento suficiente sobre o tipo de doença corneana, procedimento cirúrgico ao qual foi submetido e os cuidados necessários no pós-operatório, embora estejam satisfeitos com o resultado final. “Definitivamente, os pacientes precisam de uma melhor informação prévia ao tratamento cirúrgico por parte da equipe médica. Eles devem receber palestras educativas, e a comunicação médico-paciente assim como o sistema de atendimento ambulatorial devem ser modificados, visando a uma melhora na qualidade de atendimento do paciente”, concluem.


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