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Tráfico usa até pimentão para despistar e exige novas armas de investigação

Campo Grande News - 23 de outubro de 2014 - 16:05

Cada vez mais os traficantes estão usando a criatividade para driblar a fiscalização e entrar com droga no Brasil. O Estado de Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com o Paraguai e Bolívia - países produtores de maconha e cocaína, é considerado uma das principais rotas internacionais do tráfico. Droga escondida em fundo falso de veículos, caminhões, em tanques de combustíveis, para-choque, assoalho e até em cilindro de GNV (Gás Natural Veicular) fazem parte da camuflagem feita por quem escolhe o tráfico como forma de ganhar dinheiro fácil. Do outro lado da linha que divide o crime e a lei, os policiais tem, cada vez mais, desenvolver estratégias para localizar os entorpecentes. Literalmente, o assunto virou matéria de estudo para a polícia.

Muitas das apreensões são realizadas durante a abordagem, quando o traficante acaba se entregando pela contradição ao responder os questionamentos dos policiais. Sem ajuda de cães farejadores, pelo menos na maioria das ocorrências, o agente conta apenas com o tino para descobrir os variados lugares usados pelos bandidos para esconder a droga. Em alguns casos até o Corpo de Bombeiro é acionado para ajudar a localizar o entorpecente com equipamentos específicos da corporação.

De acordo com o comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), coronel Edilson Osnei Duarte, de seis em seis meses os policiais se atualizam sobre as rotas que os traficantes estão utilizando, formas de transporte e modelos de veículo, além disso os militares também recebem curso de espanhol básico para atuar na Bolívia e Paraguai.

Somente neste ano, o DOF apreendeu 46 toneladas de maconha, 12 a mais que no ano passado, quando foram recolhidas 34,5 toneladas do entorpecente. Mas, o que chama a atenção dos policiais são as formas que os traficantes utilizam para poder passar pela fiscalização sem ser flagrado. Além de esconder droga no estômago e nas partes intimas, nem frutas e legumes escapam. “Nós já encontramos cocaína em laranja, melancia e em carregamentos de caminhões e carretas em que a carga tinha documentação em dia, mas embaixo do produto lícito havia droga escondida”, diz.

No começo do mês, por exemplo, o DOF aprendeu nove toneladas de maconha. O motorista abandonou o veículo carregado com a droga às margens da rodovia MS-156, em Abambai, município localizado na fronteira com o Paraguai. O entorpecente estava no fundo falso de um caminhão carregado de madeira.

O chefe do Núcleo de Operações Especiais da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Murilo Leite, explica que o combate ao narcotráfico se tornou uma disciplina na academia. Os policiais que trabalham na região de fronteira são treinados para procurar e identificar alguns aspectos que leve a apreensão, como o nervosismo. “A gente não sai desmontando o carro de todo mundo, até porque seria impossível fazer isso”, diz.

Em 2013, foram apreendidas 53,5, toneladas de maconha e 2,3 toneladas de cocaína nas rodovias federal de Mato Grosso do Sul. Até o mês de agosto deste ano, já foram apreendidas 61 toneladas de maconha e 1,8 tonelada de cocaína, um aumento de quase 100% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento feito pela PRF. O mais impressionante é que das 80 toneladas de droga apreendida no País, 62,8 foram em Mato Grosso do Sul.

A maior apreensão realizada pela PRF foi em maio deste ano, quando foram localizadas 15,2 toneladas de maconha camuflada em uma carga de bancos de madeira. O flagrante foi no quilometro 267 da BR-163 em Dourados. O condutor do caminhão, um homem de 34 anos, conseguiu fugir. Ele iria levar a droga para Vitória da Conquista, na Bahia.

Há lugares tão inusitados usados para transporte de entorpecente, que em alguns casos o Corpo de Bombeiro precisa ser acionado para retirar a droga do veículo. Os militares utilizam desencarceradores e tesoura, equipamentos próprios em corte de lataria, usados para retirar vítima de acidentes de trânsito presa em ferragens. De acordo com a assessoria de imprensa dos bombeiros em Dourados, ocorrência dessa natureza costuma atrapalhar o atendimento regular da corporação.

Apreensão - Em oito meses, de janeiro até agora, as unidades da Polícia Militar apreenderam mais de 100 toneladas de drogas, 35% a mais do que apreendido em 2013 e mantém o aumento anual desde 2010. Só em Campo Grande, a PM apreendeu 12.770,308 quilos de entorpecentes.

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