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Trabalho temporário no carnaval sustenta costureiras, soldadores, artesãos e carpinteiros

Isabela Vieira, Agência Brasil - 31 de janeiro de 2010 - 13:39

Rio de Janeiro - O galpão abafado no centro da cidade fica ainda mais quente com a chama de maçaricos, pistolas de cola quente e com a correria dos mais de 70 funcionários da Escola de Samba Império Serrano, que se revezam em três turnos a duas semanas para o carnaval. O trabalho de costureiras, soldadores, artesãos e carpinteiros resultará não só numa grande festa, mas também no sustento de famílias o ano inteiro, além de movimentar a
economia informal.

A Império Serrano é um das 12 escolas do Grupo de Acesso 1 que desfilam no circuito oficial do Rio, do qual fazem parte mais 12 escolas do Grupo Especial como a Grande Rio, que tem 300 colaboradores recebendo por semana entre R$ 500 e R$ 7 mil. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Rio, juntas, as 24 escolas geram cerca de 5 mil empregos entre agosto e fevereiro.

É principalmente com a renda gerada entre agosto e fevereiro que muito profissionais do carnaval se sustentam o ano inteiro. Em um barracão, os salários são pagos semanalmente e, dependendo do trabalho, podem ser de R$ 5 mil, como no caso de um pintor de arte. Para quem está estreando ou auxilia um especialista, a quantia varia entre R$ 300 e R$ 400 por semana, sendo que no grupo especial chega a ser mais que o dobro desse valor.

Uma das carnavalescas da Império Serrano, Andrea Vieira, formada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conta que vive “exclusivamente” da festa. “Uma parte do ano poupando e tendo novas ideias e a outra com a mão na massa, nos preparativos”. Cenógrafa de formação, há 15 anos trabalha com o carnaval. Atualmente, coordena uma equipe de sete pessoas e recebe cerca de R$ 2 mil por semana, salário conquistado com a experiência.

O coordenador do barracão da Império, Fábio França, explica que a maior parte dos empregos gerados na construção de carros alegóricos, fantasias e adereços é informal, temporário. A escola não tem como registrar todos os funcionários e conta com subsídio do governo municipal para pagar os custos da festa, que este ano serão de cerca de R$ 900 mil. Além disso, recebe estagiários de costura e cenografia, de escolas técnicas, para ajudar a reduzir o custo.

Para pagar os gastos com os funcionários, França lembra que a escola também conta com recursos oriundos das alas comerciais, que vendem fantasias para pessoas de fora da comunidade. Um dos responsáveis por uma das alas da Império Serrano é Ilmar de Sá. Ele vende fantasias sob medida e emprega nove pessoas na confecção de roupas, sapatos e adereços. “Cada empregado recebe cerca de R$ 40 por fantasia”, explica. “Como comprei o material, fico com uma parte maior.”

A pesquisa do Sebrae, no entanto, não contabiliza os postos de trabalho gerados nas pequenas escolas e bloquinhos que desfilam fantasias e carros alegóricos mais simples nos circuitos da Avenida Rio Branco, no centro, e na Estrada Intendente Magalhães, na zona norte, e são cerca de 80, de acordo com estimativas da Riotur.





Edição: Talita Cavalcante

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